terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Monólogo I

            Céu e inferno estão dentro de nós , e todos os deuses estão dentro de nós.
                                                     Joseph Campbell


Não é preciso
Transcendentalidade
Para existir
Anjos  e demônios.
Existem anjos e
Demônios
De carne e osso,
Com alma e
Sem alma.
E também
Muralhas medievais
Neste mundo-real.

Epígrafe geral:

        E quanto mais leio e vivo e medito, mais perplexo a vida, a leitura e a meditação me põem. Tudo é mistério.A vida é  só mistério, tudo é e não é.Ou: ás vezes é, ás vezes não é.
                                       Guimarães Rosa

Titulo da coletânea : Surpresas/endentes

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Conflito II

Como Iago
Sendo e não sendo
Bento Santiago
Ego de Otelo
É elo
Entre o seu real
E a sua neurose.
Que seu olhar
Nos guia
Sem  volta.
Capitu é ou
Não é Desdemona?
É e não é ?
Cem anos
De mistério.
Hoje e sempre ?
                               11/11/02.

Enigma XV

Olhos de Minotauro:
Labirinto.
Segredos das
Perversidades
Que sacrifica
A inocência
De outros
Que não
Tem nada
Haver com
A história.
                  __/11/02.
                 07/11/02.
                 11/11/02.

Surreal IX

Sobrenatural
Benção ou
Maldição ?
Aquele que
Não tem
Olhos

Aquilo
Que os que
Tem olhos
Não sabem
Ver.
                       07/11/02.
                       11/11/02.

Enigma XVI

O olhar de Esfinge
Trans-finge ou
Restringe a dúvida ?
Mistérios
Do dito sem dizer.
Nem por isso
Diante do olhar
Ou por isso
Diante do olhar?
                          01/11/02.
                          11/11/02.

Suícidio III

Medusa
Vista
Sem espelho.

Enigma XIII

A coruja
O mistério do dia
A sabedoria da noite
Em olhos
Que escondem
Segredos?
                             01/11/02.

Complexo de inferioridade

Nos vermos
Com o olhos
Que os outros
Nos deram
Para nos
Ver.
E não sabemos
Mais nos ver
Com nossos
Próprios olhos.
Dizemos com
Os olhos-outros,
Olhos-de-fora,
O que (não) pensamos
De nos mesmos
Com desprezo.
Sem sabermos mais
Nos ver por nós
Mesmos
Construímos
Nossa identidade
Sem entendimento
Interno.
                              01/11/02.
                              04/11/02.
                              13/02/11.

Surreal VIII

Vendo através
Dos olhos
Que desejam
Vingança
O cavaleiro
Sem cabeça
Age sem
Ver.
Se visse
Agiria
Também
Por gostar
Do que faz.
                 01/11/02.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Suícidio II

Olhos de Ícaro
O mundo
Que cai.

A asas
Sem o condor:
Apenas sonho.

Desfolhadas
Penas como
Dentes-de-leão.
      
                         __/__/02.
                        11/11/02.
                        05/02/05.

Suícidio *

Um mergulho
Nos olhos de
 Narciso.
                    31/10/02.

*Poema classificado no concurso Talentos de Um Novo Tempo da Litteris Editora.

ponte XII

Eros viu
Psique
Mas não
Quis ser
Visto.
Ela amou
Entre trevas
Sem saber
A quem
Amava.
E na luz
Perdeu-o
Para depois
Reencontrá-lo.
                         01/11/02.
                         11/11/02.

Imagem

Imã
Miragem
Manipulação ?
                          22/09/02.
                          24/09/03.

Na frente do tempo

Olhos que veem
Além do alcance
Do seu tempo
Sofrem
Com a cegueira
Dos outros que
Além de não saberem,
Não quererem saber
Zombam por se
Julgarem melhores
Quando na verdade
São piores
Perdidos em sua
Cegueira.

Surreal VII

Olhos abrem-se
No céu vermelho.
Uma bailarina
Dança no alto
Da torre.
De repente
Nuvens
Negras e rosas
Surgem
Cavalgando.
Vozes de cristal
Unem-se aos olhos.
Um mergulho
No abismo.

Mobilidade

Tem olheiros
Do grande irmão
Por aí.
Em busca
Dos novos personagens
Da "novela"
Da vida "real".

Surreal V

             Num tempo de trevas o olho começa a enxergar.
                                                      Roethke


Em nome da
 Segurança:
Olhos eletrônicos
Nas lojas, casas, bancos ,ruas e
No céu.
Em nome do
Voyerismo e
Exibicionismo:
Olhos eletrônicos
Para bisbilhotar
Os anônimos e os famosos
Em caixas lacradas.
Em nome da lei:
Escutas eletrônicas
Para descobrir a
Superioridade
Bélico-militar
Dos bandidos.
Em nome da idiotização
Do povo:
Atenção dobrada e
Redobrada na vida
Dos artistas.

Sala de aula

Crianças matam
 Outras crianças
 Que não são
Inimigas,
Mas agem como
Fossem.
Vemos sem saber
O que dizer,
O que fazer
Para acabar.
O  mito da bondade
Infantil
Arranhado.
O pacto civilizatório
Esfacelando,
Esfacelado.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Musas ?

Mulheres
Sem carne e osso
Despertam
Paixões
Por serem
Belas não-reais.
O que está
Acontecendo:
Invasão virtual ,
Nova/velha
Febre da moda ?
Mulheres imagem.
Neo-musas.
Imagem.
Apenas imagens
Idealizadas.
                          10/10/02.
                          11/02/11.

Bonecos(as) eletrônicos(as)

Os olhos do grande irmão
Mania nacional e
Internacional.
Closes em
Peitos e bundas.
O resto do corpo:
Mero enfeite.
Põe pimenta nas
Brigas e romances,
Descobre segredos e
Manias,
Lança modas e
Gírias.
                            10/10/02.
                            11/02/11.

Fetiche II

Que tem na tv
Depois da
Mulher-cerveja
Ou cerveja-mulher ?
Apareceram
A mulher-desodorante,
A mulher-tinta,
A mulher- internet, etc.
Objetos de consumo
Masculino.
Mulheres objeto ou
Objeto mulheres ou
Menos que objeto?
Imagem-objeto?
Imagem de objeto?
                              08/10/02.
                              10/02/11.
                              11/02/11.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Conjunção

 O  ver
(En)laços
Harmônicos
Olhares
Solares ?
                06/10/02.

Enigma XII

Seu olhar
De bela
 Me revela
A fera.
Terna e
Terrível
Que se revela
No ritmo
Dos mares.
Transformar-se
Em anjo e
Em demônio
Conforme
Agem os outros.
                            04/10/02.

Neo-behaviorismo

Olhos que olham
E não  pensam
Sobre o que
Passou
Como está
Deixa ficar.
Nem além e
Nem aquém.
Apenas olham.
Não pensar:
Deixar que outros
Pensem por eles.
                            01/09/02.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Fetiche

Na tv
 A mulher
Vira cerveja.
Loura
Líquido
Engulível.
Sexo
Pra fazer
Com a garrafa ?
Cada gole é
Um orgasmo ?
Cada cerveja
É a mesma
Loira?
Serva serve-se
Cerveja.
A mulher é a cerveja
E a cerveja é a mulher.
Mulher-cerveja.
                             18/08/02.

Surreal VI

          Se levanto os olhos do livro para olhar a vela, em vez de estudar ,sonho.
                                                        Gaston Bachelard


Seu olhar
Perdido no infinito.
E nisto
Nasce o desejo
De encontrar-se.
Onde está?
Perdido por
Perder-se?
Perdido pedindo
Ajuda?
Laça o meu olhar
E por um momento
São um olhar.
Mas seu olhar
Continua
Perdido...
Por quê ?

Visão dominante

           (...)Como deviam brilhar de malícia os olhos dos bons selvagens quando contavam ao ingênuo missionário essa comédia sobre a origem floral do fogo!
                             Gaston Bachelard


Aquele que não vê
Tem visão
De alcance limitado.
E aquele que vê
Recusa ver além.
No duelo de visões
A não-visão
Vence aquele que
Vê pela força bruta.
Que busca compreender
A incompreenção.

Mani-pulação-queísta

Olhando o mundo
Lá fora de fora
Vendo cada vez
Mais fora
O que está dentro
Do eixo das visões:
Palavras (dis)torcidas
Torcendo o que
Foi denominado
Realidade.
Realidade?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ponte XI

Os olhos
Me dizem
O que você
Não quer
Dizer com
A boca.
Os seus olhos
Dizem tudo.
Enquanto
A boca não
Quer dizer
Nada.
Entre o
Tudo e o nada
A certeza de algo.
E o algo
Uma dúvida?
                            30/07/02.

Sindrome Tanatos

O mundo visto
Via tv
De pernas para
O ar.
Todo mundo louco
Procurando  o inimigo
"Invisível"
Que não foi encontrado.
A guerra  quente
Dá o ar da sua (des)graça.
Resolveu-se que o
Mundo árabe
É o inimigo
Por causa de um homem.
Alguém tem que
Ser o bandido da
"História".
Qual história ?
A insegurança
É a única certeza.

Cavaletes

Olha o Shumaker.
Olha a Ferrari.
Olha a trapaça.
Olha a  sabotagem
Escancarada.
O carro do colega
Nem andou.
Em cima do cavalete.
Olha!
Era uma Ferrari
Ou um carro qualquer?
O esporte, se é esporte,
Tem muito que lamentar.
É só um jogo de cartas
Marcadas.
                                       21/07/02.
                                       30/12/09.
                                       07/02/11.

Consenso persuasão

Ver.
Ver-
dade.
Verdade.
Verdade!
Verdade?
Verdade
Dada.
Sem ver
Se é
Verdade.
Verdade é
Palavra
Perigosa.
                 19/07/02.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Viu na tv ?

A menina nasceu
Com câncer no
Olho
E depois apareceu
No outro olho.
CPMF cobrada
Religiosamente
De cada cidadão:
Para melhorar
A saúde pública,
Mas não cobre
Esse tipo de
Tratamento.
Qual  é a desculpa ?
Por qual ralo
Desceu o dinheiro ?
                                 18/07/02.

Luz/Sombra

No duelo
O  que via
Não queria
Enxergar.
O outro
Cego
Não via,
Mas enxergava:
A verdade.
Uma  porta
Para a destruição
Em vez da salvação.
Falar não adiantou
Aquele que via
Não ouviu
O aviso daquele
Que não via e
Sabia
O segredo que
A verdade trazia.

Além do abismo

Num mundo
Sem olhos
Existe vida.
Nas profundezas
Das trevas
Marinhas
Seres vivos
Entre o calor
Das torres.
Seres sem céu
Que veem
Sem luz.
E mesmo
Sem luz
Iluminam.
                     15/07/02.
                     06/02/11.

Alienígena

Nos olhos
De quem
Nasce
A inocência
E a interrogação:
Que mundo
É esse ?

Ponte X

Nos olhos de quem
Chega
A alegria do retorno,
Da novidade
E por um momento
O cheiro da realização.
                                    13/07/02.

Esperança ?

Vejo
O verde
Verso
Brotando
De repente.
Que cresce
Na folha
E cresce
A cada
Momento.
Cresce
Verde.

                         12/07/02.

Surreal IV

De olhos fechados
Ver outro mundo
E outros mundos
Em constante
Mudança.
Mutantes.
Mudos ?
                 10/07/02.

Surreal III

No olho d'água
Uma lágrima
Um espelho
Uma confissão.

No olho d'água
Um sentimento
Um reflexo
Uma descoberta.

No olho
A água que
Não pára,
Jorra.

Ponte IX

Um olho
A lua brilha:
Arco-íris.
Quando cheia:
Prata.
Sombras
(I)luminadas.
O tudo e o além.
                          04/07/02.

Eclipse

 SOL
     U
     A

               04/07/02.        

Surreal II

Os olhos-tigre
Escondem
Segredos
De seu poder ?

                         03/07/02.

Realização II

Sonhar
De olhos
Abertos
E ter
Certeza
Que é
Mais
Do que
Um sonho.

Realização I

Os olhos-vitória
São os sorridentes
Olhos de criança:
Sem limites
 Para alegria.
                       01/07/02.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Meia-noite

Ela me olha
Com olhar
De vampira
Louca por
Sangue.
Me pergunto
Se estou delirando ou
Se vi realmente.
                                  29/06/02.

Surreal I

Orvalho
Na orla
Do vale
Seu(s) olho(s)
Pratedo(s)
Brilhando
Entre
As gotas.
                   28/06/02.

Enigma XI

Ovo,
Ouro,
Olho.

Ouro,
Ovo,
Olho.

Olho,
Ouro,
Ovo.
           28/06/02.
          __/10/02.

Ponte e enigma

Como olhos
Que
Oram e
Sorriem.
Os vagalumes
Luz
Nas sombras.
Num sonho
Em movimento.

O(a) seduzido(a)

O inocente-olhar
Não vê
O perigo
Diante de si
Mesmo perto,
Pois não sabe
Ler os sinais.
Quer ser enganado(a)
Se deixa levar.
Não adianta
Avisar.

O sedutor

Olhos de um
Sádico
Tem o brilho
Vitreo
De uma alegria
Morbida,
De uma serpente
Que quer encantar
Para depois engolir.
Num silêncio
De dizer
Não diz o que
Realmente
Queria.
Deixa para
O momento que a presa
Não pode mais
Fugir.

Ponte VIII

Existem outros
Modos de ver
Para quem
Não enxerga.
É  preciso
Buscar outra
Alternativa.
E
Há quem tem
Olhos e não
Enxerga
Porque não
Quer ver
O que diante
Dos seus olhos
Está.
                        26/06/02.
                        27/06/02.
                        __/10/02.

Ponte VII

Á noite
Tem muitos
Olhos
No céu e na terra
Que criam
Ilusões.

Coruja

Olhos que
Escondem
Segredos.

Inconsequência

Ver
Verde
Verdor
Virar cinzas,
Dor e vazio.
Sem vida
E sem rima.
Línguas de fogo
Devoram.
E depois cinzas.

Ponto

O olhar do crítico
É aquele que
Tanto destroe
Como constroe
Um conceito.
Depende do seu
Julgamento.

Espíritos

O duelo entre
O toureiro e
O touro
Começa com o
Olhar.
Depois o combate
Na arena.
                             26/06/02.

Olhar-predador

Desejo de
Devorar
Á noite.

              23/06/02.
              __/10/02.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Observados

Os olhos do novo
Grande irmão
Veem tudo
Em todos os
Ângulos.
Privacidade é
Coisa  do passado?
Nada é segredo.
E o segredo é
Quem é o grande
Irmão, agora?
Tão longe e tão perto
Não é controlado
Pelo olhar ?

Enigma X

           A vida é uma criação da mente.
                                 Buda


O criador
Apaixonado
Por sua
Criatura.
Olha com amor
De pai
Pelo filho.
E mais do que
Isso.
Olha como
O amante
Que corteja
Sua amada.
Olha e
Deseja que sempre
Esteja diante
Dos seus olhos.

Mensageiro

Corvo.
O olhar da morte
Na noite
Sem estrelas
Carrega
Tristes trevas
Dos que buscam
A vingança.

Enigma IX

          Sim , a vela e o gato olhavam o poeta com o olhar  cheio de fogo.
                                                   Gaston Bachelard
Ás vezes
O olhar
Tenta dizer
O que as
Palavras
Não podem dizer.
Em alguns
Momentos
Consegue e
Noutros não.
Cada momento
É um mo-men-to.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Conflito

O seu olhar-
Desespero
Reflete a
Situação
De não
Poder tocar
Nem mesmo
Com os olhos
Seu amado.
A barreira
Construída é
Muito forte.
Solidificada
Pelo preconceito
Dos que o amam
De outro modo
E não compreendem
O seu modo.
Seu amado
Como você
Não sabe
O que fazer.
Além de
Morrer sufocado.

Alma amiga

 Quando seus
Olhas alegram-se
Me alegro.
Por um momento
Somos eternamente
Felizes.
E quando chora
Choro com sua
Tristeza.

Enigma VIII

Nos seus olhos
Verdes
O pântano
De tanto
Mistério.
Seus olhos
Veem além ?
Ou os meus
Apenas
Veem?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Enigma VII

Nos olhos de
Um anjo
A cidade das
Sombras
Revela cidade dos
Sonhos ou a
Cidade de Deus?

Incertezas

Busco no
Olhar de outro
Um pouco
De paz, alegria
E amor.
Nada de jogo
Ou armadilha.
Busco que de
Tão simples
Virou complicado
De achar.
Pouco há.
O que encontrar?

Olhar-inocente

Olhar de quem
Descobrirá
O mundo.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Enigma VI

          A mentira quando inspira verdade vira.
                         Roberto de Castro


Não há um
Olhar de esperança
No meio da
Multidão.
Todos perderam
O brilho
Subitamente.

A grande surpresa

Seu olhar
De desprezo
Me gelou
Pois pensei
Que fosse
Amigo
Mas não era.
E me olha
Como se eu fosse
O estorvo
Sendo que
Você  revelou-se
Estorvo
Para mim.

Olhares-censores

Os outros são
O inferno
Quando não
Te deixam
Em paz.
E acham que
O certo
É incomodar
Pondo limites
 Onde não
Deveriam ter.