segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Re-faze-ndo o fio

Mesmo como lenda
As amazonas são
Temidas.
Sempre retratadas
Como inimigas
Dos homens
E sempre vencidas
Por eles.
Pois o maior medo de
Quem escraviza
É de um dia ser
Escravizado.
O (con)texto construído
É uma das formas
De domar o medo
E justificar a hierarquia
De quem se acha
Acima de tudo.
Projeta o medo
Numa visão fantasiosa
De perigo que não existe.

domingo, 30 de outubro de 2011

Mulheres viris II

Alguns pontos do mundo
Mudou.Ficcionalmente!
As amazonas modernas
Foram modernizadas?
Reunem características
Consideradas inconciliaveis
Até pouco tempo atrás
Virilidade(coragem) com
Feminilidade,
Elegância com habilidades
De combate, etc.
Assunto que desperta
Medo e
Teóricos  que mais
Complicam do que
Explicam.
Um silêncio de chumbo
E cheio de segredos
No ar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O fio do labirinto

Mitos mais modernos
Criados para
Legitimar a realidade.
Mitos recriados para
Deturpar outros mitos-
Realidade
Que já existiam
Para a mesma
Finalidade.
Mitos pipocam
Por todos os lados.
Mitos não mentem ?
Depende da intenção
De quem cria e
Repete mil vezes
Para que vire
Verdade.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Dobras dos labirintos

Mitos, ficções, realidades
Coexistem/indo
Como dobras do mesmo
Leque: legitimando
A realidade construída
Para ser paralisada..
Enquanto outros
Tentam  romper a
Paralisia fabricada.
As Ciências tentaram assassinar
Os mitos e viraram mitos.
O(s) mundo(s) mesmo com
Muitas ciências continua
Mitologizado.
Mitos regidos regem e continuaram
A reger comportamentos
Humanos.
Criações e criaturas
Se co-n-fundem e
Re-fundem em
Movi-mentos.
                                      26/07/05.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mulheres viris

Reais, imaginárias
Ou  imaginadas
As amazonas, as
Valquírias e outras
Metem medo.
Tanto medo
Que não são assunto
Estudado
A sério, pois só
Dois aspectos são
Ressaltados: elas como
Inimigas dos homens
E do casamento.
Até a psicanálise freudiana
São explorados  fartamente
(Complexo  da Castração)
Só reativando o tema da
Louva-a-deus que devora
O macho após satisfazer-se.
O pavor dos homens louva-a-deus
Foi resolvido com a
Dominação das mulheres.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ecos internos

Quanto mais
Inseguro é o homem
Mais violento ele é.
Violento com palavras
E agressões
Com os mais fracos.
Nunca enfrenta
Alguém mais forte.
A derrota de um
Derrotado
É saber que pode
Ser vencido
Por  qualquer pessoa.
                                    20/07/05.
                                    26/07/05.

Meu próprio labirinto

As mulheres mais ao meu
Redor são negativistas
Só sabem falar de
Erros e defeitos dos rebentos
Com naturalidade doentia.
Reclamam da vida
Sem parar e de
Deus por não ajudar,
Mas não movem-se
Pelo menos para tentar,
Mudar a situação,
Vivendo de esperar.
E com o tempo
O negativismo virou
Natural de tão repetido.
E aí sem perceber
Repito o mesmo
Processo comigo e
Com os outros ao redor.
Falo mal de mim ou
Simplesmente me
Encolho na cadeira.
                               19/07/05.
                               20/07/05.

sábado, 22 de outubro de 2011

Labirinto de preconceitos

Questões de gênero
E dominação sexual
Não são questões bem
Resolvidas em lugar
Nenhum.
Só na cabeça de quem
Resolveu-se sozinho(a)
Ou com o seu grupo:
Pequenos nichos-ninhos.
Mas a mídia lança
Generalizadamente
Como se todos os lugares
Tudo estivesse bem
Quando realmente
Não está nada bem:
Entre quatro paredes
Violência doméstica
Dia e noite
"Segredo" de família.
Ninguém nota  ou
Só nota quando a mulher
É figura conhecida pela mídia.
                                                  18/07/05.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Cotidiano do avesso

É natural-paradoxal-conselhos:
As mesmas mães
Que ensinam as filhas
Que os homens
Não prestam, são uma
Corja ruim e são
Todos iguais;
São as mesmas mães
Que dizem
As filhas que
Precisam de um
Homem o qual as
Protejam  dos males
Do perigoso mundo
Externo:
Sem um homem
A mulher na sociedade
É ninguém
Que deva ser
Levada a sério.
                               18/07/05.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Quando a marionete corta a corda

Nada deixa uma mãe-
Escrava-ideológica
Do próprio machismo
Mais furiosa do que
Saber ou perceber
Que sua filhinha
Não mia como
Uma gatinha e sim
Ruge como uma
Leoa, vive e
Não depende das
Escolhas e decisões
Da "abnegada" mãezinha
Para defender-se
Do mundo cruel e
Hostil de fora
De seu controle.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Picadeiro

      G:Você acha que as mulheres são discriminadas no meio científico?
      Danica Mckeller: As mulheres são desencorajadas a aspirarem a carreira científica,mas o problema não é a faculdade.O problema está no ensino fundamental.Começa na faixa etária de 10 a 12 anos, quando as garotas são desestimuladas  pelos professores, porque  eles não esperam que elas sejam boas em matemática.É aí que mora o verdadeiro problema.(...)


Palavras moldam
Pessoas quando
O eco externo fi(n)ca
Internalizando.
Uma(s) única(s) voz(es)
Molda(m) de um (ns) único(s)
Modo(s).
Sem dialética e/ou
Dialogo
Vence a uniformidade
De um pensar mesmo
Que seja distorcido,
Destoante e doente
Normalidade.
Homens criados para
Serem conquistadores
E vencedores
Enquanto as mulheres
Criadas para serem
As esposas dos vencedores.
Quem perde não conta.
                                     14/07/05.
                                     03/09/05.

sábado, 15 de outubro de 2011

Matriarcado ao avesso II

A melhor maneira
De  manipular
Um homem inseguro
É duvidar da sua
Masculinidade verbalmente
Indo in-direta-mente
Exigindo  provas
De sua "virilidade"
Principalmente com
Platéia conhecida e
Controlável a disposição.
Ele, marionete de cordas,
Faz sem questionar e
Exerce a violência física
Contra os outros: crianças e/ou filhos.
Em especial, vizinhos,
Desconhecidos, etc.
Para não ser chamado
De bicha
O único xingamento
Que sua alienação não suporta.

Matriarcado ao avesso

Ninguém condena
Uma mãe quando
Esta programa
Sua filha para
Sentir-se-r
Frágil e dependente.
Mas quando faz
Isso com o filho
Todas as lanternas
De preocupação
Ascendem automaticamente
Porque ela " está
Transformando o
Filho em gay".
Isto não pode
Pois é crime
Contra a masculinidade
Social geral.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

As mães não são a Virgem Maria

Todo mundo imagina
Que  toda mãe
É uma adorável
Mãezinha que cuida
E ama seus filhinhos
Por isso não percebe-se
Quando a mulher
Sofre de complexos:
Complexo de Cinderela ou
Síndrome do Barão de
Munchausen, ou o Dilema
de Wendy ,ou qualquer
Outra coisa como
O desejo de  não ser mãe.
Todo mundo é programado
Para o não ver
E acaba não vendo
Mesmo quando a mãe
É uma monstra que
Tortura lenta e cuidadosamente
Até matar seus adoráveis
Filhinhos enquanto fingi
Amá-los perante a sociedade.

O pecado da picada

Há mulher que é
Vítima e cúmplice
Do machismo-masculino
Por ser a mulher
Que crê e propaga
O machismo
Através do seu
Machismo-feminino:
O matriarcado ao avesso.
(Con)clama aos filhos que
Como homem(ns) que é (são)
Homem age, pensa, não
Sente, não fraqueja.
Como mulher que é
Mulher espera Godot,
Não age, não pensa,
Sente...
Perpetuando os ciclos
De violência e
Desigualdade e...
Tantas coisas.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Imaginado

         (...)Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar seja lá no que for.
                                               Lia Luft


O binarismo
Limita a visão do mundo
Que muda de acordo com
A maré dos interesses dos
Poderosos.
Limita a vida
Que não é vivida
Por causa da via-sacra
De adequar-se ao papel
Dado para cada pessoa-
Personagem antes de nascer.
Limita o raciocínio
A não ir além do sim ou do não
Matando o que faz o humano
Um ser racional.
O binarismo é tão
Naturalizado que não é
Questionado ,pois
É tão natural
Discriminar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pedaços imaginados

Mulher-anjo:
Deveria ser esposa,mãe,
Dona de casa, faz tudo
Que não tem sexo.
Não cansa e não
Deixa de sorrir
Mesmo que tudo
Esteja uma droga.
Mulher-demônio:
A ardente que deveria
Ser controlada para
Ser apenas boa
Amante.
A boa de cama
Que não se apresenta
Na sociedade
Mesmo satisfazendo
As altas fantasias
Das sociedades.
Perdidas  degladiam
Para ver quem é melhor...
E  todas(os) são usadas(os).

sábado, 8 de outubro de 2011

Picadinho

      Quem controla os controladores?
                       Roberto Boblios  


O(s) homem(s) dividiu(ram)
A(s) mulher(es) ao meio
Segundo as suas 
Necessidades: anjo(s) e demônio(s).
E há mulheres que 
Ajudam
A permanecia da 
Da divisão até a fragmentação,
Pois se pensam
Melhores do que as outras.
Não se veem como
Vítimas e cúmplices 
De crimes contra
Elas próprias.
O(s) homem(ns) também
Se fragmentara(m)
Mas não percebe(m)
Por se julgar(em)
Melhor(es) que todos os 
Mundos juntos.
                                  11/07/05
                                  13/07/05
                                  30/08/05
                                 13/02/06

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Re-te(r)-se(r)

Mulher:
Ser em partes
Partidas
Que tenta
Se recompor.
Quebra-cabeça
Que falta
Partes
Que foram
Lança(n)das ao vento,
Enterradas no mar
Ou queimadas nas
Fogueiras da Inquisição?
A loucura dos homens
Pela ilusão de controle
De poderes (in)imaginários
Transformaram Deus
No supremo carrasco
E o Diabo no vizinho
Que é encontrado em
Cada esquina.
Ferida no corpo
E na alma
Mulher(es) tenta(m)
Retecer a sua história
Entre tantas
Histórias perdidas
Por tantos motivos
Neuróticos
Da civilização...
Patriarcal?
Ou matriarcal ao
Avesso do matriarcal?
                                  11/07/05.    

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

     A verdade é aquilo em que  nossa mente acredita.E nossas crenças são formatadas pelos responsáveis por nossa criação.Quando alguém formata nossa mente de uma  forma distorcida, então temos de encontrar alguma coisa que nos dê a resposta lógica.
     (...)cheguei a conclusão de que ninguém poderia me dar a resposta lógica a não ser eu mesma.
                                                 Julie Gregory


     (...)Os valores instituídos não admitem determinadas designações ou comportamentos a um menino que deve, desde o nascimento, ser preparado para ser o homem numa sociedade altamente machista. A mulher  sempre foi uma grande aliada do homem, em contrapartida à sua própria situação.Nunca houve solidariedade  entre mulheres, e elas se prestaram, muitas vezes, a ser  instrumento nas mãos do homem para programar os valores masculinos.
                        Eliana Gabril Aires


      O meio social impõe a todos os indivíduos uma espécie de dissociação da personalidade.
                                                                 Renato Kehl       

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Explicação:

      Esta coletânea  era um artigo acadêmico que escrevi que transformei em poemas e juntei com poemas que tinha escrito para o dia da mulher.
        Como perdi o texto ,que originou estes textos, não vai ser possível  incluir as referências  bibliográficas, as quais foram minha inspiração e/ou influência para escrever.Me lembro de que alguns eram psicólogos de comportamento de gênero.
        Há uma certa parcialidade em alguns assuntos,pois através da nossa cultura letrada ,midiática,etc, a qual recebemos, aprendemos a julgar sem conhecer ou conhecendo só um pedaço do assunto.Nunca a abrangência do todo e as complexidades.Como ,por exemplo, a burca.Desde que me entendo por gente, ouso falar ou leio sobre a burca como uma vestimenta que é uma entre as formas de opressão contra as mulheres mulçumanas.Depois do 11 de setembro, virou moda das mídias no Ocidente falar mau da cultura alheia e associa-la com terrorismo. Esquecendo que no Ocidente tem muita violência doméstica .
       Na França, foi foi proibido o uso da peça e as mulheres protestaram.Uma   contradição para o ponto de vista ocidental.Dois etnocentrismos em combate e conflito direto? É o que parece para quem vê a situação de fora via TV.
      Pensando a burca como forma de opressão, por que o oposto não seria uma outra   forma de opressão?A burca ao avesso:a exposição do corpo feminino com exagero e com foco num corpo específico como padrão inatingível  de beleza.O que está sendo chamado de ditadura da beleza.
     As influências culturais,  educacionais,midiáticas,etc, que recebemos , em maior ou menor grau, fazem parte no nosso modo de pensar e ás vezes, precisam ser revistos, pois podemos errar num julgamento querendo ou não.
      Errar é humano, insistir no erro é tolice.Admitir um erro não deve ser crime.
      Aprender sempre é o melhor caminho a seguir.
                                                                                                                                         03/10/11.

Poemulher-es

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Meras Quimeras?

         A humanidade marcha para a aniquilação, porque aqueles que comandam o destino de todos não podem viver sem colocar a destruição no ato de existir.
                                      Fausto Wolff


Dogmas funda-menta-listas
Pre-conceitos
Trans-mentidos
Como  conceitos
Reais e invioláveis :
Sementes do mal
Transvestidas de bem
Controladores de (in)domados
Comportamentos.
Crescem nos pensamentos
"Bem" semeados
Por tantos semeadores
Fixam raízes profundas
Difíceis  de arrancar
Da cabeça e do coração... até
Dos que se julgam livres delas.
A sabedoria perde o fio
Em meio a tanta
Força (des)obstrutiva.
Corta-se dessa árvore com
Dificuldade,
Mas permanecem
As raízes pro-fundas
E cada vez mais fixadas,
Mesmo escondidas,
Justamente por isso.
Escondidas permanecem
Agindo e no silêncio do
Segredo não tão secreto
Sorrateiramente destruindo
Atualmente como antes:
O mal tão natural(izado)!
                                         09/03/05.
                                         21/03/05.
                                        28/03/05.
                                        05/04/05.
                                        06/04/05.
                                        11/09/05.
                                 

domingo, 2 de outubro de 2011

Ecos vulcanizados

Sempre há bocas
Com quatro pedras
Vindo para cima
De mim e tantos outros.
Palavras com violência
E o desejo de violentar
Com palavras.
Algumas das mesmas
Bocas que reclamam
Da violência da TV,
Dos jornais,etc
Não se percebem
Como coautoras
De violência
Por não escorrer
Sangue.
A alma sangra.
Porém como não vê...
Perdição de paradoxos
Cotidianos.
                                                09/09/05.
                                                10/09/05.

Urbanoides

A chuva cai.
Não mais do que
De repente
Carros. motos, ônibus
Como se fossem
De açúcar
Correm furiosamente
Para fugir da chuva.
Os bueiros cheios
De lixo
Não escoam a água.
Alagamento.
Engavetamento.
Mortes por besteira :
Pressa desenfreada
Porque a chuva
Cai.
E cai também
Qualquer senso
De responsabilidade.
Um imbecil no seu
Citroen faz a manobra
Errada e em vez
De jogar água
Mata toda uma
Família.
E a chuva caiu
Rubramente
No asfalto.
                               27/01/04.
                               02/03/04.
                               09/09/05.

Cena insólita ? II

Laranja mecânica?
A selva de concreto
Devora almas
Como parafusos
Sem importância.
Uso sem fuso.
Uso com-fuso
E gasta o vigor
Que vira ferro
Retorcido,
Sem sentido pó.
Devorado pela
Ferrugem.
                              04/02/04.
                              02/03/04.

Sendo ou não sendo celebridade

       A curiosidade cuida do que não deve ser cuidado,mas descuida do necessário.
                                            S. Boaventura


O esporte favorito
Das pessoas muitas
Ocupadas ou desocupadas
É falar ,ás vezes mal e mau
Da vida alheia.
Se preocupar
Demais com o que
Os outros dizem e/ou fazem
Perde-se tempo
Para viver a própria vida
E esquece de viver
De um jeito ou de
Outro.
As línguas
Não deixam escapar
Ninguém
Não importa
O quanto reto(a) seja.
                                       10/01/04.
                                       13/01/04.
                                       26/01/04.

sábado, 1 de outubro de 2011

Tra(d)ição

A boca de Cronos
Nos devora
Mesmo sem
Querer  ou
Querendo.
Cronometrando
Tudo-ao-mesmo-
Tempo-agora
E acabando
Tão igual como
Antes.
Pouco evoluiu
Só trocou de
Casca, de nome, de...
Com roupagem
Nova devoram
Cronos.
                                    13/01/04.
                                    26/01/04.

Final fio

A  boca de Édipo
Trama a própria
Queda como
As asas de Ícaro.
Desmedida
Do próprio poder.
E o poder real
Ilusão elevada
De si.
Ecos de dor
Depois da punição.
Queda prevista
Mas não vista.
                             13/01/04.
                             26/01/04.

Censura XVI

O medo de
Romper o silêncio
E desconstruir a
Palavra sobre
O proibido
É o medo da
Perda de poder.
Ilusão de poder.
Medo que se
Justifica pelo
Egoísmo
De ter as chaves
De todos os segredos
De ilusória  sabedoria.
Defendida de todos os
Modos possíveis
E inimagináveis
Enquanto a sabedoria
Real é esquecida.
                                 06/01/04.
                                 07/01/04
                                 12/01/04.

Hipocrisia XII

Se Nada faz,
Então já esta
Fazendo algo
No fazer nada:
Está concordando
Com o jeito
Que as coisas
Estão estabelecidas.
Sem evolução.
Inércia no gesso.
Tudo igual
A antigamente
Sem ser ontem
E virando ontem
A cada momento.
                            05/01/04.
                            06/01/04.

Hipocrisia XI

Os olhos famintos
Devoram
Decotes e curvas
Esqueléticas
Modeladas em
Roupas justas.
A comida
Passa sem perceber
Ou finge que não
Percebe.
E depois acusa-se
Apenas os mulçumanos
De cruéis
Por causa das roupas
Que escondem
O corpo feminino.
No Ocidente o corpo
Que deve ser
Mostrado é o que
Obedece o padrão-
Inatingível de uma
Magreza que leva
A morte.
E a comida
Acaba comendo
Capim pela raiz.
                               03/01/04.
                               05/01/04.
                               06/01/04.

Descoberta XVI

A Faculdade é um
Lugar e tanto
Nos dois sentidos.
Se por um lado
Aprende-se a se desfazer
Dos preconceitos
Que aprendeu na escola
E por outro lado
Aprende-se outros preconceitos
Revestidos de conceitos.
Aprende que socialismo
Para a maioria é mera
Retórica.
Que na prática a
Teoria é outra;
Entre outras coisas.
E mesmo num
Ninho de víboras
Existem pessoas maravilhosas
Mesmo que pouquíssimas.
                                              29/12/03.
                                              06/01/04.