(...) Não adianta
dar razões ou mesmo provas científicas irrefutáveis que
demonstrem,até o cansaço, que
brancos,negros ,índios, mulheres
e homens somos intelectualmente
iguais.Os preconceitos raciais e de gênero, que se arrastam ao longo dos séculos, resistem porque fazem parte da argamassa que
permite manter unida a aparência
uma sociedade baseada na desigualdade, na opressão e na desunião
que favorece uma minoria
em prejuízo da maioria.
Gonzalo Armijos( Racismo nos “ilustrados” pg.7,O popular: 09/11/14)
O teste de Bechdel pergunta/questiona se
uma obra de ficção possui pelo menos duas mulheres ,com ou sem nome,que conversam
entre si
algo que não seja um homem.Quando falha no teste é um indicativo de preconceito de gênero. Poucos filmes passam no teste aparentemente bobo,
que revela uma linha de raciocínio sexista como aparece no texto do Wikipédia : “uma estudante de roteiro da Universidade da Califórnia ,em Los Angeles,escreveu em 2008 que
seus professores disseram a ela
que o público “queria apenas protagonistas homens,brancos e
heterossexuais” e não “ um bando de mulheres conversando sobre o que quer que seja que
mulheres conversam”.(pt.wikipedia.org/wiki/teste_de_Berchdel).
Ou seja, um padrão que é imposto de cima para
baixo,pois para estes professores
muito
machistas, mulheres são
apenas chocadeiras ou reprodutoras preocupadas em conquistar
o macho alfa ou nem isso.A função biológica é um
fator colocado como pejorativo de
estereótipo e limitador de atuação.E se a personagem
sai das regras do estereótipo estabelecido é vista como uma violadora de
padrões,uma ameaça a
normalidade(limitada,limitadora e limitante) estabelecida de como a
naturezas das coisas como devem ser.
Duas mulheres disputando
um homem ou o macho
alfa é uma visão
muito presente em comédias
românticas norte americanas de
triângulos amorosos ou disputa
para ver quem ganha a preferência do
homem cobiçado .As ficções não
são recorte da realidade de
todas as mulheres, cada cultura
tem suas diferenças, particularidades e semelhanças, porém há sim a manipulação de elementos culturais
os quais servem para
direcionar e aprisionar a mentalidade das mulheres e homens nos estereótipos
criados para representá-las(os) generalizando como se fosse a realidade para
e de
todas as mulheres.Aos homens , idem,pois
um padrão de protagonista é
estabelecido e imposto a ponto de
virar regra que não pode ser quebrada: homens brancos e heterossexuais o
que também subentendesse que sejam jovens ou jovens adultos. E os homens
que não se encaixam nesse perfil
estabelecido como o “gosto do público”?
Atualmente o grande público
é uma abstração dividida em nichos específicos
,por isso as produções japonesas fizeram e
fazem sucesso:para cada
público específico há produções
específicas.Muitas passariam pelo teste de Berchel por ter duas mulheres
com nome e falando de coisas além
de homens.Mas há histórias
interessantes nas quais duas garotas podem ser ao mesmo tempo amigas de
infância e rivais pelo amor do mesmo
rapaz entre outros desdobramentos. Gerando situações
de comédias pastelão a dramas psicológicos complexos.
Cada cultura tem os seus padrões ou estilo de machismo
entre outros preconceitos.
Em
alguns filmes e seriados de ação norte-americanos que
assisti , sempre no começo quando
uma equipe militar ou civil
e militar é formada
só tem uma
mulher e ela nunca é bem recebido
por todos,havia sempre um
personagem da equipe
que diz ou insinua que ela
vai atrapalhar, terá que ser salva ou ser cuidada pelo parceiro de combate ,pois é do sexo
frágil e por isso não apta para ação.Terá
que provar que merece fazer parte da equipe(ex.:Até o limite da
honra, Stargate:série, Terror no Lago).
Por
que não duas?Porque dentro desta
visão ficcional machista e
militar os relacionamentos amorosos
atrapalham o trabalho.Neste tipo de ficção elas poderiam se interessar pelo colega mais
atraente e brigarem entre si esquecendo de trabalhar ou vão disputar a
atenção dos colegas assim todos
vão esquecer de focar no trabalho como se fossem seres irracionais.Infelizmente existe este tipo de
mulher,mas não são todas as
mulheres que são assim. Como
se não
existisse mistura de gêneros fílmicos também .A única exceção que me vem a
mente é
Jornada nas Estrelas em matéria de produção americana. Nas as
produções japonesas há
mistura de gêneros fílmicos e as coisas podem se misturar e render piadas
e momentos cômicos
dentro de séries sérias. Independente do teste de Bechdel
há muitas nuances de
machismo e formas de discriminar nas estruturas de roteiros norte-americanos ou de qualquer outro país
com uma,duas ou mais mulheres, pois
são padrões culturalmente estabelecidos como verdade inquestionável que
não vão mudar da noite
para o dia e vão muito além do que
o teste propõe.Quando os padrões são questionados, o questionamento é
visto como uma
ameaça a “ordem
natural das coisas”.Vai
levar tempo,na contagem de
alguns ou muitos séculos para
mudar, mas questionar é importante para que
alguma mudança aconteça.Para que o apagamento vire visibilidade o qual é o foco do teste.
Pensando além do teste de Bechdel , nas comédias
românticas predomina a
situação de duas mulheres
disputando o mesmo homem , por causa
da mudança de
foco de público e recorte
de tipo de público, direcionamento e padrão. Querendo ou não a questão
biológica fica evidente e em
evidência como um outro padrão de poder através da
“posse” do homem ou ser possuída pelo macho.Disso não tem como
fugir , o problema é que não é
dado o devido valor a reprodução,pois mesmo em países
que se dizem desenvolvidos mulheres não vistas como meras
chocadeiras ou nem são vistas
como seres humanos dignas de
serem protagonistas. Até a atual conjuntura da situação sem
as mulheres não tem como os
homens nascerem,mas “quem se
importa?” A condição biologia
é um entre os fatores de
discriminação de gênero.
Mas há
algumas produções americanas interessantes nas quais duas
mulheres podem estar a disputar
poder e/ou vingança, entre outras
coisas,mas são poucas
produções diante da maioria que
tem o foco no que os professores de roteiro colocaram como cultura para a massa.
Ironicamente, depois do 11
de setembro o presidente da
ocasião na ocasião num discurso
de politicagem condenou o terrorismo e
as formas como as mulheres e as
crianças eram “oprimidas”
pelos homens mulçumanos, como se mulçumano fosse
sinônimo de terrorista e machista, e
convenientemente esqueceu que
a cultura norte-
americana tem seus meios e métodos
de discriminar e diminuir
as mulheres.Uma delas citada na
fala dos professores de roteiro.Cada
cultura é sexista ao seu modo e
tem suas nuances e focos de
machismo. O foco do teste
é o apagamento visual e
de personalidade.
Sobre isso e outros assuntos
relacionados a ONU fez um relatório que posso chamar
de mais apurado de leitura de entrelinhas(jargão de estudos literários) ,o documento titulado: Preconceito de gênero
sem fronteiras: Uma pesquisa
sobre personagens femininas em filmes populares em 11 países*.E é muito mais
amplo do que os estudos literários
em filmes que fiz.
Afinal, a
ficção interfere na realidade, ou
melhor , nas formas de “racionalizar” e “ver” a realidade. Mudar as “ formulas” de roteiro é
necessário ,mas vai gerar estranhamento ao grande público a quem está acostumado a
mais do mesmo e talvez
baixos rendimentos em alguns
momentos. Mas há os nichos que podem ser
lucrativos se os produtos específicos forem bons para os públicos específicos.
*www.onu.org.br/industria-cinematografica-global-perpetua-a-discriminacao-contra-a-mulher-diz-novo-relatorio-da-onu
07/09/2014.
14/09/2014.
20/09/2014.
09/11/2014.
18/10/2014.
19/10/2014.
20/10/2014 .
. 13/12/2014.
14/12/2014.
20/12/2014.
21/12/2014.