sábado, 20 de dezembro de 2014

O teste de Bechdel : essa coisa “sem importância” chamada mulher

    

                                  (...) Não adianta dar  razões ou mesmo provas  científicas  irrefutáveis  que  demonstrem,até o cansaço, que  brancos,negros ,índios, mulheres  e homens  somos intelectualmente iguais.Os  preconceitos raciais e de  gênero, que se arrastam ao longo dos  séculos, resistem porque fazem parte da  argamassa que  permite manter  unida  a  aparência uma  sociedade baseada na  desigualdade, na opressão e na desunião que  favorece  uma  minoria  em prejuízo da  maioria.


Gonzalo Armijos( Racismo nos  “ilustrados” pg.7,O popular: 09/11/14)
   

     O teste de Bechdel pergunta/questiona se uma obra de  ficção  possui pelo menos duas  mulheres ,com ou sem nome,que conversam entre  si  algo que não  seja um  homem.Quando falha no teste  é um indicativo de  preconceito de gênero. Poucos  filmes passam no teste aparentemente bobo, que  revela uma  linha de raciocínio  sexista como aparece no texto do  Wikipédia : “uma  estudante de roteiro da  Universidade da  Califórnia ,em Los Angeles,escreveu   em 2008 que  seus  professores disseram a ela que o  público “queria apenas  protagonistas homens,brancos e heterossexuais” e não “ um  bando de  mulheres conversando sobre o que quer  que seja que  mulheres conversam”.(pt.wikipedia.org/wiki/teste_de_Berchdel).
    Ou seja, um padrão que é  imposto de cima  para  baixo,pois  para estes professores  muito  machistas, mulheres são  apenas  chocadeiras ou  reprodutoras preocupadas em  conquistar  o macho  alfa ou nem isso.A  função biológica  é um  fator  colocado como pejorativo de estereótipo e  limitador de  atuação.E se a  personagem  sai das regras do estereótipo estabelecido é vista como uma violadora de padrões,uma ameaça a  normalidade(limitada,limitadora e limitante)  estabelecida de  como a  naturezas das  coisas  como devem ser.
     Duas mulheres  disputando  um  homem  ou o macho  alfa  é uma  visão  muito presente  em  comédias  românticas  norte americanas de triângulos  amorosos ou  disputa  para ver quem ganha a  preferência  do  homem cobiçado .As  ficções não são  recorte da  realidade de  todas as  mulheres, cada cultura tem  suas diferenças,  particularidades e semelhanças, porém  há sim a manipulação de elementos  culturais  os  quais   servem para  direcionar e aprisionar a mentalidade das  mulheres e homens  nos  estereótipos criados para  representá-las(os)  generalizando como se fosse a realidade para e  de  todas as mulheres.Aos homens , idem,pois  um  padrão de protagonista é estabelecido e imposto a  ponto de virar  regra que não pode ser  quebrada: homens brancos e heterossexuais o que  também subentendesse  que sejam jovens ou jovens adultos. E os  homens  que não se  encaixam nesse perfil estabelecido como o “gosto do público”?
     Atualmente o grande  público  é uma  abstração dividida em  nichos  específicos ,por isso as  produções japonesas  fizeram e  fazem  sucesso:para  cada  público específico  há  produções  específicas.Muitas passariam pelo teste de Berchel por ter  duas mulheres  com nome  e falando de coisas além de homens.Mas há histórias  interessantes  nas quais duas  garotas podem ser ao mesmo tempo amigas de infância   e rivais pelo amor do mesmo rapaz  entre outros desdobramentos. Gerando  situações  de comédias  pastelão a  dramas psicológicos  complexos.
      Cada cultura  tem os seus padrões ou estilo de machismo entre outros preconceitos.
      Em  alguns  filmes  e seriados de ação  norte-americanos  que  assisti , sempre no  começo quando uma  equipe militar ou  civil  e militar  é   formada  só  tem  uma  mulher e ela  nunca é  bem  recebido por todos,havia sempre um  personagem  da  equipe  que diz  ou insinua que  ela  vai  atrapalhar, terá que  ser salva ou ser  cuidada pelo parceiro de  combate ,pois é do  sexo  frágil  e por isso não  apta para  ação.Terá  que provar que  merece  fazer parte da equipe(ex.:Até  o limite da  honra, Stargate:série, Terror no Lago).
      Por  que  não duas?Porque  dentro desta  visão ficcional  machista  e  militar  os  relacionamentos  amorosos  atrapalham  o trabalho.Neste  tipo de ficção  elas poderiam se interessar pelo  colega mais  atraente e  brigarem entre  si esquecendo de trabalhar ou vão  disputar a  atenção dos  colegas   assim todos   vão  esquecer de  focar no trabalho como se fossem  seres irracionais.Infelizmente existe  este tipo de  mulher,mas não  são  todas as  mulheres que  são assim. Como se  não  existisse  mistura de gêneros  fílmicos também .A única exceção  que me vem  a  mente   é  Jornada nas  Estrelas em  matéria de produção americana. Nas as produções  japonesas  há  mistura de  gêneros   fílmicos e as  coisas podem se  misturar e render  piadas  e  momentos  cômicos  dentro de  séries  sérias. Independente do teste de Bechdel há  muitas  nuances de  machismo e  formas de  discriminar nas estruturas de roteiros norte-americanos ou de  qualquer  outro país  com  uma,duas ou mais mulheres,  pois  são padrões  culturalmente   estabelecidos  como verdade inquestionável  que  não  vão mudar  da noite  para o dia e  vão   muito além  do que   o  teste  propõe.Quando  os padrões são  questionados, o  questionamento  é  visto  como  uma  ameaça  a  “ordem  natural das  coisas”.Vai levar  tempo,na  contagem de  alguns ou  muitos  séculos para  mudar, mas  questionar é  importante para  que  alguma  mudança aconteça.Para  que o  apagamento vire  visibilidade o qual é o foco  do teste.
      Pensando além  do teste de Bechdel , nas  comédias  românticas  predomina  a  situação de  duas  mulheres  disputando o mesmo homem , por causa  da  mudança  de  foco  de público e  recorte  de  tipo de  público, direcionamento e  padrão. Querendo ou não a  questão  biológica fica evidente  e em evidência  como um  outro padrão de poder  através da  “posse”  do  homem ou ser possuída  pelo macho.Disso não tem  como  fugir , o problema é  que não é dado o devido  valor a  reprodução,pois mesmo em  países  que se dizem  desenvolvidos  mulheres não vistas  como meras  chocadeiras  ou nem são  vistas  como seres humanos dignas  de serem  protagonistas. Até a  atual conjuntura da  situação sem  as mulheres não tem como os  homens  nascerem,mas  “quem se  importa?” A condição biologia  é  um entre  os fatores de  discriminação de gênero.
     Mas há  algumas  produções americanas   interessantes nas quais  duas  mulheres podem estar a  disputar poder e/ou vingança, entre outras  coisas,mas  são  poucas  produções diante  da maioria que tem o foco  no que os  professores de roteiro colocaram  como cultura para a  massa.
       Ironicamente, depois  do  11 de  setembro o presidente  da  ocasião  na ocasião num discurso de politicagem condenou o terrorismo e  as  formas como as  mulheres e as  crianças eram  “oprimidas” pelos  homens  mulçumanos, como se mulçumano  fosse  sinônimo de  terrorista e  machista, e  convenientemente  esqueceu que a  cultura  norte-  americana tem  seus meios e  métodos  de  discriminar e  diminuir  as  mulheres.Uma delas citada na fala dos  professores de  roteiro.Cada  cultura  é sexista ao seu modo e tem  suas nuances  e  focos  de  machismo. O  foco do  teste  é  o apagamento  visual e  de personalidade.
     Sobre isso e outros  assuntos  relacionados a ONU fez um relatório que posso  chamar  de mais apurado de leitura de entrelinhas(jargão de estudos   literários) ,o documento  titulado: Preconceito  de gênero  sem fronteiras: Uma  pesquisa sobre  personagens  femininas em filmes  populares em 11 países*.E é  muito mais  amplo do que  os estudos  literários  em filmes  que fiz.
     Afinal, a  ficção interfere na   realidade, ou melhor , nas  formas de  “racionalizar” e  “ver” a realidade. Mudar  as “ formulas” de  roteiro é  necessário ,mas  vai gerar  estranhamento   ao  grande  público a quem está  acostumado a  mais  do mesmo e  talvez  baixos  rendimentos em  alguns  momentos. Mas  há os  nichos   que podem ser  lucrativos  se os  produtos específicos  forem bons para  os públicos específicos.

*www.onu.org.br/industria-cinematografica-global-perpetua-a-discriminacao-contra-a-mulher-diz-novo-relatorio-da-onu
                                                                                                      07/09/2014.
                                                                                                      14/09/2014.
                                                                                                      20/09/2014.
                                                                                                      09/11/2014.
                                                                                                      18/10/2014.
                                                                                                      19/10/2014.
                                                                                                      20/10/2014 .
      .                                                                                               13/12/2014.                 
                                                                                                      14/12/2014.
                                                                                                      20/12/2014.  
                                                                                                      21/12/2014.  
       

sábado, 15 de novembro de 2014

O Prazer de fazer o mal normal(enra)izado


A intenção de quem pratica  o bullying ou  o  ciberbullying é maltratar.Ainda  que  diga que não fez por mal e que  só queria  se exibir para os amigos,a  pessoa  não pode se promover a  custa do sofrimento do outro.Está errado de  todo jeito.
Luciana Barros de  Almeida

(...)Tais  atos são  promovidos  por pessoas,que muitas  vezes utilizam a  tecnologia se valendo do anonimato e,consequentemente, da  impunidade.
Rafael Marciel(Internet,anonimato e impunidade.O Popular:07/09/14, pg.7)

        A natureza do mal nas  ficções  juvenis é apenas um  recorte filtrado da  capacidade dos seres humanos tem de  fazer o mal na realidade, porque  a  natureza do mal é  uma parte  entre as partes que compõe a  natureza humana  ou as  naturezas  humanas, embora as religiões e mitos  negem colocando  sempre como uma força externa  ao ser  humano.Todas  as  pessoas  são influenciáveis  em  algum  grau e quanto mais jovem mais  influenciavel.Apesar  de  haver pessoas  que  independente da idade possam ser  completamente  infuenciaveis.Há  o mal que  vem de  dentro para  fora como  psicopatia,sadismo, certeza de impunidade.
     O agravante das  ficções juvenis era e talvez ainda  seja, a normatização e normalização do  bullying.Tal  comportamento solidificou na  minha  cabeça no  estilo uma  mentira  contada  mil  vezes  vira verdade e na cabeça  de  milhares de pessoas  que  fazer bullying  na juventude  é normal como respirar,porque  o padrão limitado,limitador e limitante estabelecido “declarava” que ser  jovem  era ser ser o(a) idiota  e ultrapreocupado(a) em ser  normal que não liga  para  nada  importante além de  se  divertir,pois é normal se  divertir,mesmo que esta  diversão fosse fazer bullying contra todos(as) que não  são parte da manada normal, exemplos:episodos de Anjos da Lei(episodios  com todo  tipo de  preconceito), X-men,Heróis;filmes como  Karatê kid e A  garota de rosa choque, (preconceito  financeiro),Hacker(preconceito  contra  novatos),História sem  fim, etc, entre  outros  filmes e seriados.E do modo como era  apresentado mais estimulo e  convite a  cometer do que aviso para inibir tal prática   .Ironico  é que  quem prática  o bullying  não  gosta de  sofrê-lo.
     O bullying é uma  face  do mal  que  em vez de ser  inibida foi estimulada  via  midias ,como   por  exemplo os filmes,  como um gatilho de metralhadora sempre  disparando  para  todos os  lados.Aguá mole em  pedra  dura tanto bate até que  fura.E quando  o bullying acontece  na vida  real é sempre  ignorado  assim como  uma de suas consequencias, a  revanche.Mas  quando  acontece suicidio  ou  massacre colegio acontece hipocritamente os  meios de  comunicação aladeiam como se  fosse algo  absurdamente  novo e  não  é .É  cultural, pertubadoramente  cultural, pertubadoramente normal.E  o  alarde  midiatico funciona  como  um  estimulo para  criar mais  celebridades  morbidas em vez de inibir.Até  que grau de influencia?Cada  caso  é  um  caso, além  dos  outros  fatores no  conjunto de cada  situação.Existem parcelas de  culpa e  nenhuma  inocência .
     O  choque  acontece por serem jovens cometendo brutalidades de  psicopatas  adultos pelos mais  diversos  motivos ou falta de motivos, por anonimato ou por popularidade,etc.Quando cometido por bullying é teoricamente algo que poderia ter  sido evitado.O  choque também acontece  porque quebra por alguns  momentos o esteriótipo  de jovens  bobos que só  se preocupam em ser  popular,se  divertir e sofrerem por causa de estudos porque nestes produtos  culturais  estudar  é  coisa chata de nerd(no  sentido  negativo construido para a  palavra).Sendo assim o legal é ser o(a) idiota normal da  manada(nos sentidos  negativos das  palavras),passar de ano sem estudar, viver nas  festas, zoar  com os outros,etc,em  niveis  exagerados.Era assim,no  agora sei,mas  não deve ter  mudado muito.Possivelmente não  mudou muito já que  no Brasil  quando acontece de  uma  adolescente ser  agredida e  jogada escada a  baixo  por seus  colegas de escola, a  diretora quando questionada  sobre  o motivo de não cumprir o seu  papel de  diretora diz  apenas que  é normal os  jovens  fazerem  brincadeiras  inconsequentes ,pois  os hormonios  estão a flor da  pele.Ou seja  ela  lavou as mãos em vez de  dizer  que no Brasil a lei proteje  mais  agressores do que os agredidos.O famoso  ECA impede  qualquer  punição embora  cite as tais  medidas socio-educativas,mesmo se ela   quisesse ou pensasse  em fazer algo, a interpretação  equivocada  da  lei não permite .E por terem certeza da impunidade estes  garotos  filmaram a  agressão para  se  gabar  do que fizeram depois:produziram  provas  contra eles  mesmos  que  não  servem  para  nada  na  pratica ,além de  apuração dos fatos e comprovar a  negligencia  da escola.
    Outro fator que é ignorado pelos  supostos  adultos quando se trata  de jovens é  que a  capacidade de  sentir  prazer fazendo pequenas e  grandes  maldades indepente de psicopatia.Como  os  trotes nos  números de emergencia  de bombeiros  e  policiais, por  exemplo.Afinal o tal  mito da  inocência infantil e  juvenil é  extremamente  forte  nas  sociedades  humanas, apesar da  evolução dos  meios de  comunicação e  o acesso cada vez mais  facil a  informação, mesmo  com os  avanços  os  jovens  são  vistos como incapazes de  tomar  decisões por  conta  própria.E  aqui ainda há  o agravante de ser uma  cultura  totalmente  paternalista com  infratores.Por isso, em  situações  de massacre de  colegio ou  assassinatos de  familiares o primeiro grande  bode  expiatorio são os  videojogos(culpa da influencia  externa) e  também é  um  modo de isentar o agressor da  sua  parcela de  culpa pois  é  alguém  “facilmente  influenciavel” preservando  os  mitos  sociais dos  esteiótipos  de  juventude  “inocente, ignorante e boba”.
     O  apego aos  mitos sociais  criados pelas mídias  in-conscientemente faz  o fato de  encarar  a  realidade como ela se  apresenta  como mais insuportavel  e  absurda.E mais dificil  ainda  tentar criar formas  de  prever e  evitar  tais  acontecimentos,pois  teoricamente tais  coisas não  deveriam  acontecer ,mas  na  pratica a  teoria é outra.Exista  uma  luz  no  fim do  túnel?
     Em Los  Angeles   a  polícia criou um  programa que  tenta identificar e  tratar estudantes com potencial para  cometer agressões contra professores e  alunos  o qual tem  obtido sucesso com a  prevenção,chama-se School Treat Assessment Response Team( Equipe  de  Avalição de  Ameaças em Escolas, em tradução livre, ou START)*, um  exemplo bem  sucedido de prevenção  que deveria ser  copiado e replicado por todo o país e  outros respeitando as  legislações  e diferenças culturais).
     Conter  ou  inibir  o  mal vai  depender  de mudanças de habito, visão de  mundo e  interpretação  dos  fatos na  ficção e  na  realidade;investimento em  infraestrutura, material  humano e  tecnologico, criar  uma  cultura de  prevenção e  cuidados, rigidez  no  cumprimento das  leis,etc.Vontade  politica?
     Esperança,há,porém  é  preciso fazer muita   coisa  para  acontecer.

*www.bbc.uk/portuguese/noticias/2014/08/0818_eleicao_educacao_programa__la_violencia_escolas_alessandra_rw_html
                                                                                                          
                                                                                                            14/09/14
                                                                                                            20/09/14
                                                                                                            21/09/14
                                                                                                            18/10/14.
                                                                                                            19/10/14
                                                                                                            25/10/14
                                                                                                            30/10/14

                                           

domingo, 19 de outubro de 2014

Resenha:

Nos  altos  e  baixos de Degraus

Não há  espelho que melhor reflita a  imagem do  homem que suas palavras.
Luís Vives

     Um livro de  poemas não precisa ser  hermético  para  fazer o leitor pensar,  fazer o leitor refletir.Não só em tempos de  crises visíveis  ou  não que  o livro deve  fazer pensar abandonando bons sentimentos.Mas as tradições já  estão fixadas em ambos os lados.
    Embora o senso  comum tenha elegido apenas os temas do  romantismo como o amor e a  paixão  para  poemar, não é só disto que se faz  poemas. A  denominada grande literatura ou intelectualmente  elitizada prefere outros assuntos voltados para as tristezas e tragédias  consideradas pouco poéticas  para o senso  comum.
     Com o olhar eclético e sem-venda-no-olhar Geraldo Pereira em Degraus  poetiza  voltado para o  social, a miséria  humana  sem esquecer do sentimental ,o regional/universal, as belezas naturais.Os  opostos tem lugar nos seus poemas sem  excluir nada.O olhar (per)passa pelos caminhos que a  vida oferece(u) para os seres  humanos no passado, no presente( um  passado tão presente e sem  futuro) e  expressa a esperança no  futuro, como disse Antônio Torres: brasileiro profissão : esperança.Mas é a  esperança  com  espírito  de  luta,ás vezes alquebrado pelas  adversidades que  aparecem como cinismo, preconceito,má  vontade  política ,etc.
     Olhar que não descarta a  realidade(De onde tiro minha  poesia.pg 72) que  as pessoas não querem ver ou ignoram por  muitos motivos como conformismo, conveniência , egoísmo, etc, pois  vivemos  no mundo no qual os bons  são punidos e os  maus  recompensados.Valores invertidos para  camuflar as leis “do mais forte”, “do mais esperto”, “do mais cínico” ( As palavras e o povo pg. 84,Abolição pg. 108, Nebulosidade pg.109).
    O  poeta  dialoga  com outros  poetas Castro Alves,Drummond,Bandeira,Gullar  revelando o quanto o passado está presente e pouco mudou, conta um  pouco da História  recente  do país nada  gentil com seus  habitantes esquecidos  que só são lembrados pelos governantes  no  momento de serem  novamente explorados e humilhados quando  recusão a exploração(Saia  do meu caminho pg.161).
     O amor é expresso com  consciência (Um porto seguro pg.163) e sem idealismo exagerado que  tornou o tema  amor piegas e pouco digno de  atenção  literária.E também o  amor  pela humanidade cada vez mais desumana e desumanizada presente  em bem traçadas  linhas.
     Os  dois grandes sentidos da  arte são despertar a consciência  humana para  os  aspectos ignorados do mundo e noutros momentos divertir.Porém um  divertir que  envolve educar( sem  doutrinar  ou adestrar) e despertar.Que ao seu modo o poeta  consegue  fazer.
                                                                                         07/05/05.
                                                                                         08/05/05.
                                                                                         11/05/05.
                                                                                         12/05/05.
                                                                                         21/05/05.

                                                                                         19/10/14.

sábado, 18 de outubro de 2014

Resenha:

Faz(s)er poesia

     Uma  crença quase  totalmente coletiva que alega  profundidade deve ser ou estar sempre  ligada a  complexidade, ou seja, aqueles textos difíceis  de  compreender depois de  lidos.O que não é  totalmente verdade,mas  de tão aceita pelas pessoas a crença tomou um  caráter  de verdade  absoluta.
A poesia dos  poemas de Temiranda revelam  a simplicidade com a  profundidade de quem caminha  pela  vida e observa o mundo com bom humor.Poesia não é só ficção pode também basear-se(r) no  cotidiano, no real trivial, etc. A memória entre outros tantos assuntos aparentemente  banais  são  excelente  material para poetar.
    Diferente de um  diário  a  memória  na poesia revela o passado reelaborado sem deixar de ser o que foi é  indo além,numa  nova leitura, no qual ficção  e realidade revela(ndo) o  brilho (que estava) escondido na  superfície  dos  acontecimentos.Como diz o  ditado popular “as aparências  enganam”. É enganam  mesmo. A obra de Temiranda esconde sem esconder  a simple e profunda idade do ser  que viu/viveu seu tempo e aconte-cimentos, o olhar feminino que re-vela sereno e  aguçado sem ser  destrutivo.

Livro:Porcelana,Prata e Pedra
         Temiranda
         Editora Kelps.


                                                                                                         29/09/04.
                                                                                                         30/09/04.
                                                                                                         12/10/04.
                                                                                                         18/10/04.
                                                                                                          01/11/04.
                                                                                                         06/11/04.    

                                                                                                         18/10/14.    

sábado, 4 de outubro de 2014

A canalização política do ódio coletivo


O melhor  profeta  do mundo é o passado.

Lord Byron

O plantão da  intolerância  sempre alerta, se escudando em  juízos  morais  que ,por sua  vez, se escudam sempre em razões  religiosas, como é de praxe  histórico.E a hipocrisia que sempre andou de mãos  dadas com os  portadores de crachás moralistas apronta das  suas,delegando  poderes e lavando as  mãos.

Mario Bortolotto

     O fato  dos  apetrechos  tecnológicos  terem e estarem evoluindo rapidamente não quer  dizer que as  pessoas evoluíram  no mesmo ritmo.O mundo  oficialmente deixou de ser   bipolar,mas não significas que as pessoas deixaram de ser bipolares no  sentido políticos  de binárias:eu sou o bem e  alguém tem que ser  o mal  da história.
      As  situações de leis criadas  contra  homossexuais na Rússia, Índia, em países   africanos, etc, não são só mais questões de leis  regionais pelo atual contexto  político de aldeia  global o qual  o  mundo atual está inserido, porque  ferem a Carta dos  Direitos  Humanos.Em política universalmente   há  a questão de fingir  serviço, esconder algo, abafar escândalos  políticos e  escolher  os  bodes  expiatórios.
     Há a  questão de uso político de canalização do ódio populacional  para quem  foi escolhido como o grupo inimigo  da suposta  normalidade(venenosa,envenenada  e envenenante) ,mesmo indo contra  a Carta de  Direitos  Humanos.É a  política  da  propagação  do medo e/ou do ódio  através do  grupo escolhido para inimigo infiltrado ou o  bode expiatório  da vez,o  exemplo mais notório  historicamente  registrado  foi a maestria  de Hitler e seu partido  em conduzir  os  alemães  contra  os  judeus no momento de crises  daquela época,o povo estava  predisposto a  aceitar  o salvador  da Pátria. O que veio depois  disso,já sabemos.Também  serve para  desviar a atenção do  povo,a massa, ou as  coisas “não-pensantes” que  devem ser “controladas” de  alguns  modo de assuntos mais relevantes como incompetência  administrativa, escândalos  políticos e corrupção.
      No  jogo político  vale qualquer coisa de  foro  íntimo para distrair  a  atenção  do povo,principalmente se  for   conservador e sentir seu  modo  de  vida  “ameaçado”  por  qualquer  coisa ou pessoa  que é  diferente  da sua  manada.E a  questão homossexual canaliza    nacional e internacionalmente  a  atenção  e gera  discussões  acaloradas pró e  contra.Dependendo do caso vira até  crise diplomática  internacional.Gera mal estar diplomático e  em alguns casos é um efeito colateral desejado,pois  cumpre as  funções de desviar atenção,canalizar a  animosidade  de outros países “criando” o tão desejado inimigo poderoso para  temer e  enfrentar(lógica  militar), fere  o  sentimento de nacionalidade e  quanto mais ameaçado o  gado se sente mais violento  fica  na  sua suposta autodefesa.Era  assim  na  Guerra Fria em ambos os lados.Mas atualmente o  governo  russo  não  pode usar os  Estados  Unidos como o seu  grande Satã, então  usasse  os  homossexuais.O  que  causou reações de protesto nos jogos inverno.Virou  um polarizador  político de politicagem ao  que tudo indica.
     Atualmente,tem a  suposta guerra contra o terror, terroristas de  ambos os lados versus os  países que  consagraram como  inimigos.E em diferentes lugares no  oriente as leis anti-homossexuais e mais polarização  política  de politicagem.Nada de novo sobre o sol.Só muda o contexto, os  amigos e os  inimigos , e  as  intenções  camufladas.Quando  tudo   vai de mau a  pior é só escolher um  bode expiatório  e   colocar  os  “caçadores”  para  correr  atrás dele.Tudo “resolvido”.
    O mais  irônico e louco de tudo  isso é  que o que  duas pessoas  adultas,homo ou hetero,  em  comum acordo fazem  ou deixam de  fazer em  cima de uma cama entre  quatro  paredes deveria ser  assunto pessoal e  particular  apenas delas, porque  antes  de tudo sexualidade  é assunto de foro íntimo,muito íntimo.Casais  homossexuais não  ameaçam  a existência  da humanidade por  não “fazerem”  filhos(essa  é a grande  raiz  do preconceito contra a  condição homossexual), porque eles(as) podem adotar crianças  abandonadas,contratar uma  barriga de  aluguel,contar com ajuda de amigos (as)ou parentes para  gerarem seus filhos  como barrigas solidarias,doadores de  células sexuais, etc.Os  avanços  científicos  e  jurídicos  ajudam na  concepção  e evolução das novas  famílias em alguns lugares do mundo.
    Enquanto os  assuntos que  são economicamente  relevantes para a  vida de todos  e  os que realmente  ameaçam  a existência  de toda a   humanidade  sobre a  face  da  Terra como aquecimento global,falta de água potável ,falta de  criação de  novos empregos, combate a corrupção,busca   e  investimento em  fontes  renovais   de  energia, lixo nos mares, fome ,miséria ,etc são convenientemente “esquecidos” nessa busca política-religiosa insana pelo  controle de  vida sexual dos  homossexuais. É a politicagem da e na  política de  desvio de  atenção dos povos do  que é realmente importante e  relevante  para a  vida  de todos.
                                                                                              23/08/14.
                                                                                              26/08/14
                                                                                              04/10/14.
                                                                                              05/10/14.

sábado, 27 de setembro de 2014

O pre-conceito do normal na cultura para a massa norte-americana


A valentia sem um ideal que a enobreça degrada-se em  ferocidade.
Coelho Neto

Quem pensa segundo  a opinião dos outros está  longe de ser um homem livre.
Autor desconhecido

O ser  humano nasce naturalmente para filosofia ,são certas instituições que dela o afastam.O espírito  humano é rico em intuições profundas,é o meio que o empobrece  ou o estimula.
Gonçalo Armijos  Palácios

     Uma coisa  que me intrigava no meu tempo de juventude é o conceito de normal e de  normalidade das produções  norte-americanas,pois  nos filmes e seriados para jovens  sempre havia personagens e situações nas quais a normalidade  era  uma obsessão .A condição buscada com muito afinco,mas que  virava um grande sofrimento por ser  inatingível  para crianças,jovens, adultos ;  homens e mulheres.Por ser  um normal limitado,limitador e limitante.Estereótipos  que se confrontam no conflito.
     Com o tempo passando  acumulando  leituras  e alcançando  a maturidade percebi lendo as entrelinhas  que normal  nos parâmetros  da cultura para a massa  norte-americana  é uma  gama enorme  de  preconceitos. “Descobri” que ser normal  nas  receitas de  muitas  ficções é ser  absolutamente intransigente, é ser escravo(a) de  preconceitos  disfarçados de normas sociais, “moral” e  “bons  costumes”.Preconceitos em grande e pequena escala subjetivos transformados numa visão supostamente  objetiva.Isso também tem em novelas brasileiras em menor  grau, mas também tem.
     O agravante  psicológico  é este medo de não ser  normal com os “normais” leva as pessoas emocionalmente vulneráveis  a tal  influencia  a  buscar cegamente esta “normalidade”.Apesar  de atualmente haver todo um discurso sobre  tolerância  e  diversidade, a  prática permanece um pouco como antes.O medo da  diversidade  é tanto por parte de alguns setores das sociedade que determinados  discursos de preconceito estão sendo reforçados e escancarados  usando a lógica  militar do medo do grande inimigo invisível que  quer te  destruir e o darwinismo social . Um estresse constante programado e manipulado para  desvio de  foco.O que gera a necessidade de  alívio através  das  drogas ou outros  meios,  legais e ilegais.
     As cirurgias  plásticas  estéticas  já  foram ou estão indo para este mesmo caminho,uma  forma física  de  buscar  um alívio  emocional,quando há  exagero.A já popular  busca pelo corpo perfeito.O irônico é  justamente isso, o que o faz perfeito é o fato de ser  inatingível.Narciso acha feio o que não é  espelho.
     A normalidade como é ou era desenhada pelas produções estrangeiras também é um padrão sexual, social, psicológico,cultural e  humanamente ( no sentido  positivo da  palavra)inatingível  e enlouquecedor , pois nega a diversidade,a tolerância e a pluralidade interna e  externa.Pois ser  normal no padrão daquelas produções é ser homem,jovem adulto,branco, protestante,armado, bem sucedido profissional e materialmente.Mulheres  são serem invisíveis  que  disputam  o  macho alfa, a  visibilidade da  vencedora  depende  de ter este  tipo de parceiro e nada além disso.E não sendo normal nesses parâmetros  ainda tinha que suportar o bullying também.Por isso que 90% dos  filmes de colégio  tem situações que  envolvem  bullying e discriminações.
    Um  adestramento constante e  continuo  de e para as  violências físicas  e psicológicas   através  da cultura para as  massas contra os “não normais” que  ajudou a cristalizar ideias  negativas sobre  jovens serem apenas idiotas cabeça de vento violentos.Esquecendo  convenientemente  que violência  gera  violência ,a  realidade apresentas  maneiras  diferentes das  ficções  para  a resolução de problemas e quando acontece um  massacre de  colégio ,choque e espanto,  depois as  ficções na forma de videogame   são sempre as  culpadas do momento,mas quem  faz as  ficções cinematográficas  as faz  pautadas na  cultura de e com  violência imposta do próprio país, dando uma  turbinada no que não deveria  ser  estimulado.
     Este desenho  de  normalidade merece ser veementemente  criticado por ser um tipo de  camisa de  força ideológico  que faz as  pessoas mais  suscetíveis  adoecer  de algum modo em nome do padrão inatingível .
                                                                                               05/04/14.
                                                                                               18/08/14.
                                                                                               21/08/14.
                                                                                               26/08/14.
                                                                                               27/08/14.
                                                                                               29/08/14.
                                                                                               27/09/14.



     

sábado, 20 de setembro de 2014

Jornadas femininas


(...)Os dados derrubam mitos quer  certas reportagens no Brasil sustentam de que as   mulheres estariam fazendo o  caminho  de  volta para casa, ou que  passaram a valorizar mais o antigo  papel de mulher.
     Estatisticamente não há sinal de  fenômeno assim.
     Todas estas reportagens cometem um erro elementar  do jornalismo que é confundir  casos  particulares com  tendência. Erro  de  pauta e  apuração.O  grande problema,disse a Economist, é a  falta de   políticas   públicas e privadas que  solucionem o dilema  entre maternidade e  vida profissional.(...)

Mirian  Leitão( O Popular:Elas  conseguiram,10/01/10)

      O trabalho danifica e dignifica  a  mulher.Afinal, mudanças  acontecem por um lado,mas não quer  dizer  que o  outro acompanhe.Sim, as  mulheres saíram para  enfrentar o  mercado de  trabalho,mas  muitas sem abrir mão ou ter a  opção de  abrir mão da  tripla  jornada.A   reclamação geral de muitas mulheres casadas e  com  filhos que  convivo é  justamente  essa: que os seus  homens não ajudam nos  afazeres  domésticos, cuidados  com os  filhos entre  outras  coisas.Além disso, em época  de  eleição os  políticos  sempre  prometem  a  construção de  creches públicas em tempo  integral para as  crianças de mães  trabalhadoras,mas  depois  que passa  as  eleições esquecem de  cumprir e  que  prometeram.A quantidade de vagas  não é  mais suficiente  para  a atual demanda.
     Embora as  mídias mostrem alguns  homens  que  ajudam as  suas  mulheres em tudo, isso não  quer  dizer que é a  realidade para a  maioria das  mulheres.É  só  uma  pequena  parcela de  homens corajosos e sem  grilos  com a sua  sexualidade,pois  também há as mulheres machistas que  acham que um  homem o  qual ajuda em casa  deve ser gay.É contraditório, mas existe machismo masculino e  feminino.Ops! Já tá  virando conversa  guerra dos  sexos.
     Dificuldades de  evolução de  ambos os lados á parte, como todos vivem numa sociedade capitalista ter  dinheiro é necessidade básica para  sobreviver e  viver.Não dá   mais para que só o homem seja  o provedor dentro de uma  família  ou de um casal.O  custo de vida e as  necessidades de consumo não permitem, embora sempre tenha os(as) saudosistas  de plantão.
     O  trabalho  fora de casa dignifica porque  a  mulher se tornou dona de sua  própria  renda seja  grande ou pequena, o  que  dá algum  grau de  liberdade na  sociedade  atual e danifica porque exige  mais  uma  jornada além  das  jornadas de  cuidar dos  filhos e  do lar ,as quais ainda são vistas pela  maioria  como exclusivas das  mulheres.
     O fato de  alguns homens serem melhor preparados para a flexibilização dos papéis de gênero   não  quer dizer  que todos sejam ou serão.Vai levar muito tempo para  que preconceitos  culturais  masculinos e  femininos sobre  afazeres domésticos e cuidados com filhos acabem  para  que  ambos façam sem grilos ou tendo de  encarar os  preconceitos  alheios.Afinal,não  existe receita de ser  humano para  saber se  tal   pessoa é “isso ou aquilo” por fazer ou deixar de  fazer os  serviços  domésticos.
     O  grande problema dos  afazeres domésticos é  que  como não é  remunerado é  visto como pouco importante, repetitivo, chato estressante,tem hora para  começar e não tem  hora  para acabar com  o  agravante de ser notado apenas quando não é  feito.Quando bem feito não recebe nenhum elogio, pois é  considerado  ainda  obrigação de mulher.
     Por isto entre  outros  motivos  trabalhar  fora de casa  é melhor.

                                                                                        19/08/14.
                                                                                        21/08/14.
                                                                                        20/09/14.