segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Conto:


9. Eu e ela
    
    Uma sósia . Aconteceu naturalmente como uma clonagem natural. A clonagem é uma quase realidade que ainda assusta muito.Uma possibilidade num  futuro nada distante. O medo é imensamente presente. Não é tão apavorante  quando acontece naturalmente: gêmeos, sósias , irmãos por parte de pai ou de mãe.
     Tenho uma sósia  que nunca encontrei,mas que vive na mesma cidade que eu.Não sei se ela sabe sobre mim,mas acho que sim.Um conhecido dela falou comigo achando que eu era ela. Conhecidos meus  já a viram por aí. Ela vai por lugares que não vou.Nossos caminhos não se cruzaram.Talvez o destino não queira que nós nos encontremos.
       Um colega sempre a vê no terminal rodoviário. Cumprimentava-a  achando que era eu.Como ela é, além de se parecer comigo? A curiosidade é grande. Ela não sou eu,mas  talvez tenhamos algum parentesco distante.Mera conhecidência  genética ? O mundo pequeno e cheio de surpresas.
      Se eu ou ela fossemos clones o espanto seria maior do que ser sósia? Difícil dizer ou prever. Se um dia o destino cruzar nossos caminhos...
      Respostas?
                                                                                     08/05/02.
                                                                                     09/05/02.
                                                                                     01/04/03.
                                                                                     01/01/13. 
  
     

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Conto:



 Maldição noturna ?

     Armando estava intrigado ,mas não sabia bem o motivo. Talvez  por causa dos  barulhos que  ouvia a  noite  ultimamente: serrote serrando e passando por dentro  das paredes e do chão.Talvez tudo  tivesse aumentado ao tamanho  da sua inquietação ou pelo silêncio.Dormia.Acordava.Revirava na cama.Dormia.O barulho começava de novo. Acordava.
     _Mas que diabo é isso?_gritou e foi ver o causador do barulho.
     Para sua   surpresa era apenas uma barata passeando pela mesinha de madeira da sala.Encarou o bicho que encarou-o também.
     É só um bicho insignificante  fazendo todo esse barulho?!?
      Ela nem se mexeu.Ficou aguardando em alerta. Quando Armando pegou seu chinelo  era tarde demais. A barata desapareceu.
     _Maldição!
     No dia seguinte, tomou uma providência : comprou  veneno  de matar baratas e bateu em todo o  apartamento.Pouco depois ,apareceram algumas baratas mortas,mas  o barulho a noite não acabou e uma barata frequentava a mesinha, permanecia viva e  soberanamente caminhava sobre aquele móvel.
     Declarou guerra. Comprou  venenos de outras marcas, aprendeu receitas caseiras de isca. Pegava todas.Menos uma barata na mesinha.O barulho continuava e o estava deixando louco.Seu apartamento foi demarcado pelo sindico  como zona de perigo: veneno! Pague para entrar e reze  para sair vivo. A placa com a  caveira  não deixava dúvidas.
      Á noite, o barulho continuava. Num  ataque de fúria pegou a mesinha e jogou-a pela janela e  só conferiu depois  de doze andares de queda se o móvel  não caiu na cabeça de ninguém. Por sorte ,não.Voltou a   repousar em paz. Parecia que o problema foi  resolvido.Mas depois de algum tempo o barulho voltou. Mais intenso.Talvez baratas  super-resistentes a venenos.O barulho vinha da cama.Exigiu do  sindico  uma detetização  geral.
      Depois de muito falar e negociar o sindico  acabou  concordando,mas com reservas. Temendo uma intoxicação  generalizada pediu aos  outros  moradores que se  ausentassem do prédio por dois dias.Houve resistências, mas argumentou  que havia uma  epidemia de baratas.Aí concordaram. Feito  o serviço e passado o período  de quarentena  tudo voltou ao normal.Armando retirou a placa de caveira, dormiu  noites sossegadas, sem barulho ou preocupações.
     Dois meses depois, os sons  voltaram a acontecer mais intensos.Passos pesados  passando pelas paredes.
     _É loucura! Deve ser produto da minha imaginação!_ disse para si mesmo.
     Desta vez não foi ver. Ficou deitado. Já que não dormia procurou relaxar.Que providência tomar ? Falar com o síndico ,mas ele não vai querer saber  de uma detetização  geral. Os  venenos não fariam mais efeito. Render-se?  Não faria isto. Procuraria outras receitas caseiras.
     Ao sair para o trabalho, cedo e ainda sonolento entrou no elevador onde estava  um homem de  sobretudo e chapéu mastigando uma pastilha.Fez a pergunta:
     _ O senhor conhece  alguma receita para matar baratas?
     _Não ._respondeu secamente.
     _Não se incomoda com o barulho que  fazem?
     _Não. Quanto mais melhor.
     _O quê?!? O senhor é louco?
     _Não .O senhor bebeu? Olhe bem para mim!_  disse erguendo o pescoço,deixou duas  antenas  enormes pularem para fora do chapéu.Abriu o sobretudo que não era sobretudo,eram asas de barata enormes.
     Petrificado de medo  Armando ficou  branco e não respondeu nada. Quando  chegaram ao térreo a porta do elevador abriu, saiu correndo e gritando por socorro.
     _Humanos. Quem os entende?
                                                                     30/05/98.
                                                                     27/03/03.
                                                                     21/12/12.