Coisas de gaveta é um blog de textos de minha autoria.Tem de tudo um pouco:contos,crônicas,artigos acadêmicos,etc;principalmente poemas por ter escrito mais do que outros textos.Escrevo porque penso e logo reflito.Existo?Creio que sim.Há quem duvide,mas ter dúvidas é bom para a saúde intelectual.Certezas demais detona(ra)m o mundo.Vivo entre as fronteiras das ficções e das realidades e pensados sobre elas.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Conto:
O melhor amigo da onça
Eduardo tinha uma cisma que o irritava: o
cachorro do vizinho Anibal.O animal parecia pronto para atacar qualquer coisa que passasse diante dele. Anibal ,
que dizia ser seu amigo,acalmava-o com
a frase típica que todo dono de cachorro
bravo diz:
_Que isso? Ele não morde!
Eduardo ouviu este refrão várias vezes .E
várias vezes se arrependeu por acreditar no seu amigo de bebedeira.Seus bichos de estimação sempre foram gatos e todos foram estraçalhados pelo
cão de Anibal. O atual sobrevivente também é gato.Mas será que teria
sete vidas? Os seus antecessores só
tiveram uma vida,mortos foram
enterrados com as devidas
homenagens.Todos foram mastigados pelo
cachorro do vizinho. O mesmo que
dizia ser seu amigo e que seu cachorro
não morde. Nada vivo retorna vivo depois de
entrar naquele quintal.
Num dia de domingo Eduardo teve uma desagradável surpresa.O gato morreu na boca do cachorro do
vizinho que tentou se explicar alegando que foi um acidente e até
pagou o funeral do bichano por ver o quanto transtornado ele ficou.
Inconformado Eduardo adotou outro gato
,Mel, e disse para si mesmo que esse o
cachorro não pega e se pegar ele nunca mais teria outro bicho de estimação.Mel era um
filhote grande que foi cuidado com todo
carinho e dedicação. Depois de um tempo
Anibal percebeu que algo
acontecia com o gato de Eduardo ,estava maior do que os antecessores, quase do
tamanho do cachorro ,Rex.
Numa noite,num ato de descuido, não muito
descuidado, Anibal deixou o portão do vizinho e o seu abertos.E aconteceu
o encontro entre o gatão e o
cachorro.Brigaram.Rex acabou morto por Mel. O exterminador de gatos foi exterminado
pelo gato.Outros vizinhos que viram o
ocorrido,não se arriscaram a sair de
casa. Alguém lembrou de ligar para o
IBAMA e Corpo de Bombeiros para prender o gato.Nessas horas são os bombeiros que resolvem.
Anibal chorou a morte do seu Rex e recebeu
os pêsames de Eduardo.
_Calma ! Isso acontece...
_Seu gato matou o meu cachorro?
_Foi uma
onça, provavelmente de um criador
particular.Ela foi levada para o zoo da cidade._ironizou.
Eduardo se fez de desentendido e Anibal chorava como uma criança que perdeu o seu brinquedo favorito,
soltava faíscas de ódio e disse que seu cão foi vítima de um crime premeditado.
_Que isso? Gatos não mordem! _ironizou de novo.
24/05/98.
25/03/03.
15/12/12.
domingo, 23 de dezembro de 2012
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Conto:
O nome do inglês
Certos
pais incertos ou não
muito certos, não tem pena e/ou respeito
pelos seus filhos.Põe nomes cujos significados não conhecem por achar a
sonoridade linda ,como palavras de uma língua estrangeira, principalmente do inglês: lady,
barman, Merry Christmas, etc .Houve um
homem que achava as palavras
Xerox,fotocópia e autenticada eram tão
bonitas que nomeou as três filhas
com elas, as quais eram vítimas
constantes de piadas e por isto resolveram lutar na justiça para mudarem seus
nomes.Depois disto não se soube se
conseguiram ou não;ou se continuam lutando para mudar seus nomes.
O grande problema de um menino era o seu
grande nome:Shakespeare.Os pais acharam que o nome do inglês importante
traria status e sorte para o garoto.Trouxe problemas.Shakespeare não sabia
escrever seu próprio nome,pior ainda
era pronunciar abrasileirado, saia de
todo jeito,menos a pronuncia correta.Os colegas pronunciavam de todos os modos
possíveis ,alguns fazendo gozação com o
tal nome tão esquisito.Para encurtar o nome
e evitar gozações um dos colegas resolveu chamá-lo de
Xeique.Porém o tiro saiu pela culatra:
Xeique parecia nome de cachorro.O que rendeu novas piadas de mau gosto.
Sempre aparecia um colega maldoso para
fazer gracejos na hora do recreio, estalar os dedos como se chamasse um
cachorro e chamá-lo como se fosse um cachorro.
Shakespeare ficava deprimido,mas não podia fazer nada. De onde
os pais teriam lhe arranjado esse raio
de nome? Não tinha ideia e o pior era que nem eles sabiam,só sabiam que era de
um fulano importante.Quem seria
Shakespeare , o primeiro?
Quando menos esperava Shakespeare descobriu quem era Willian Shakespeare.Certo dia, uma
professora novata entrou na escola e
ao depois de devolver alguns trabalhos escolares deparou-se com o estranho nome escrito na folha de papel.
_De quem é esse trabalhos?
_É meu ‘fessora._ já sabia ,pois sempre teve esse problema.
_Qual é o seu nome?
_Xeiquispeare.
_ Traga sua certidão de nascimento para mim
amanhã.
No
dia seguinte, ao ver o documento surpreendeu-se com a escrita correta do nome:
Shakespeare. Ela instruiu-o sobre como
se escreve é diferente de como se pronuncia :xeiquespir.Ela disse ao menino quem era o famoso Shakespeare: dramaturgo e poeta inglês autor
de peças famosas como Romeu e Julieta, Hamlet, Otelo e outras.
Shakespeare foi aconselhado a ler Shakespeare quando ficasse mais velho.E espera que diferente dos seus pais tenha
juízo para escolher nomes bonitos e simples para seus
filhos não sofrerem o que ele sofreu e evitará dores de cabeça.
06/02/00.
20/03/03.
05/12/12.
sábado, 15 de dezembro de 2012
Conto:
Mais cena de rua
Eles veem em bando,como lobos querem uma presa.São ou não são monstros, eis a questão?Predam para sobreviver. Maltrapilhos, com um preparado de cola nas mãos,outros de mãos
vazias e todos temidos como monstros.
Todos olham paralisados.Ninguém diz algo ou se mexe no ponto de ônibus.Os
menores entram numa casa.Tentaram roubar a casa de uma senhora idosa,velha moradora do bairro.Porém
, ela tinha um cachorro que
avisou-a a tempo para ver quem chegava. Pegou o revólver e impediu a invasão a sua casa.
Os invasores eram meninos de sete ou oito anos. Só deu para vê-los
correndo mais rápido do que o vento, mesmo assim debochando da mulher que
apareceu furiosa com sua arma na mão e o
cachorro de coleira e corrente na outra
querendo ir atrás dos invasores.Enfurecida gritava coisas do tipo “ onde
está a polícia quando se precisa?”, “direitos humanos só servem para fortalecer
marginais!”, e palavrões.
Numa
distância segura os meninos,alguns meio dopados pela cola e outros
bem alertas faziam gracinhas nada engraçadas para a quase vítima que virou algoz ,insistiam
para fazê-la atirar e fazer o animal latir.Ficou perigoso para os
pedestres que passavam por perto.Com o Estatuto da Criança e do Adolescente em
vigor a vítima já estava no papel de algoz.Talvez se
lembre-se disso ,pois não atirou,mas
gritou com ódio até quando aguentou.
De repente, eles esquecem dela e
correm.Para onde? Talvez atrás de outra
presa menos prevenida e menos
furiosa.Hoje são menores abandonados,mas o que será deles quando crescerem? Se crescerem.
O pessoal que cuida de direitos
humanos no Brasil age de modo parcial,
só olham os bandidos,menores e os adultos, como as pobres vítimas do
sistema e quem é fardado como o policial é o agente do
sistema opressor,os caras maus .Como se
estivéssemos dentro de um filme maniqueísta o qual os mocinhos estão de
um lado e os bandidos do outro
lado. Como se alguém vivesse fora do tal “sistema”.A teoria explica de modo geral e focada numa mentalidade maniqueísta de tempo da Guerra Fria.A atualidade é bem mais complexa do que isso.Cada caso é
um caso. As leis são lindas no papel,mas são só para enfeitar papel,para valerem os cidadãos
terão que lutar para fazer valer seus direitos escritos na lei. Pois o
fato de ser lei não garante que será cumprida, que uma estrutura bem estruturada será criada para cuidar de
menores infratores ou bandidos ou quem quer que seja.Do jeito que o sistema carcerário
está não segura e nem recupera ninguém,
só piora o que já está ruim.
11/09/99.
20/03/03.
04/12/12.
sábado, 8 de dezembro de 2012
Conto:
Epifania?
Mês de dezembro. Ao comprar
anjinhos de madeira um sentimento emergiu.Um misto de saudade e alegria de
natais que não tive.Ou tive e não lembrava com exatidão? Ou que já tive? Perdidos em algum lugar no tempo.Em qual espaço?
Essa sensação acompanhou-me no
percurso até em casa.O pacote na minha
mão palpitava.Os pequenos anjos estariam
vivos? Apenas uma impressão.Mas as pequenas
figuras pareciam vivas e felizes, além
do próprio sorriso cuidadosamente
pintado com tinta. Um belo trabalho de artesanato.
Perdidos entre os outros enfeites coloridos da árvore de Natal eles
encontraram seu lar.Uma parte do brilho da festa e tornaram-se parte da casa agora. E sinto um certo carinho por eles,como
se não fosse a primeira vez que nos
encontramos.
A canção de uma caixinha de música fez-se ouvir, em algum
lugar, enquanto a tampa da minha caixinha estava fechada. De onde vem e para onde vai a música?
O tempo passa. Numa noite nebulosa
descubro na sala os anjinhos brincando
com um mecanismo de caixinha de música quebrada que pertenceu a outro
alguém.O que foi no passado uma caixinha ainda é música. E agora virou
brinquedo de pequenas crianças de madeira.
02/12/00.
20/12/00.
18/03/03.
06/10/03.
04/12/12.
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