6.Atitudes duplas dos homens
ou Comportamento duplo
O veneno está no coração do homem.É aí
que ele
ser deve ser procurado.
Albert
Camus
Participei
de uma palestra sobre a AIDS e
o balanço final de uma pesquisa
sobre o assunto focada principalmente no
comportamento masculino, foi
impressionante: não existe grupo de risco ( o óbvio) e sim
atitudes de risco,porém as pessoas acreditam completamente que existem grupos
de risco por mais
que se prove que é um mito social.Por
isto, a doença está chegando até em mulheres casadas(traídas),
idosos ,crianças, etc.
A camisinha ainda é vista pelas pessoas pesquisadas
como chupar balinha com o papel, prova de infidelidade entre outros mitos
que envolvem o preservativo e a
doença. O dado mais revelador é como os
homens pesquisados encaram a tal fidelidade:para eles existem duas fidelidades.A
fidelidade que a Igreja prega é só uma.Para eles existe
,na sua mentalidade, a fidelidade
interna é a da esposa ou namorada ser fiel somente a ele, e a
fidelidade externa na qual todas
as mulheres fora da relação conjugal oficial
também são fiéis a
ele(mentalidade de dono de harém) ,
mesmo que estas mulheres sejam profissionais do sexo. E além de não serem fiéis a nenhuma delas se julga inatingível : o pensamento mágico que as coisas ruins só acontecem
com os outros e nunca com eles.O
desdobramento disso é a questão da divisão mulher pra casar e a mulher
pra transar que ainda existe no consciente coletivo social,mas todas correndo o risco de pegar as
doenças através deles.
Mas também existem homens que conseguem ser(completamente) fiéis a uma
só mulher e esta minoria deve ser psicologicamente forte para suportar a pressão da maioria dos homens que não vê com bons olhos as exceções : entre
eles mesmos , mesmo que seja só da boca
para fora,: “homem que é homem papa todas
e não nega fogo, caso contrário é gay”.Nada de novo para quem estuda o
comportamento humano e as doenças
sexualmente transmissíveis.As consequências
da dupla moral e da dupla fidelidade ajudam as doenças a se espalhar rapidamente por todos os grupos
sociais.Culpar os gays pela doença ter se espalhado é um mecanismo mental de fuga das
próprias responsabilidades sexuais
hetero-machistas.
Além disso, nem toda mulher é fiel,mas socialmente a fidelidade feminina ainda é
mais cobrada socialmente e enfatizada na
educação feminina.Nesta crença de que
o parceiro é fiel a
ela enquanto namorado ou marido
sério transformou as mulheres casadas no grupo de risco mais vulnerável a
transmissão da AIDS e outras DSTs
,segundo a pesquisa.
A moral dupla também acontece com outros
comportamentos sociais: em público e
principalmente perto de família o homem é bom,educado e amigo;mas longe da família ,com ou sem colegas de atos
violentos, é violento-covarde com
os desconhecidos de seu círculo social.Quando desmascarado por câmeras de vigilância
de trânsito, lojas , elevadores ou celular nega o ato
mesmo que a prova seja
irrefutável.O jornalismo policial sempre aparece histórias desse tipo
todos os dias.
A família do algoz tenta amenizar o crime quando descoberto seja qual for dizendo que foi coisa de menino, a culpa é das
más companhias,etc.A culpa é sempre dos outros. Pois saber que o parente em questão tem uma face
antissocial não é fácil ,principalmente diante das câmeras
e julgamento de gente
desconhecida.Na boca pequena e longe
do vexame público tem pai que acha
o máximo o filho o qual matou
e/ou arrebentou a cara dos outros
porque entre este tipo de homens a violência contra estranhos
é vista como atestado de
masculinidade; mesmo com a censura
oficial através de leis,código penal, moral da
boa convivência em sociedade
condene.
Assim também se comporta o homem que em público é um
cavalheiro fora de casa e dentro de casa
espanca mulher e filhos.E
quando a mulher resolve denunciar a violência doméstica é
vista como louca, porque para a
comunidade ele vendeu sua imagem completamente oposta ao que é dentro de casa.Outro caso da dupla moral da
violência masculina é quando o pai
descobre que o filho é gay e diz
preferir um filho traficante, assassino , marginal do que um filho gay.Porque traficante
ganha muito dinheiro apesar de
arrebentar com a vida de outras famílias;assassino é o grau máximo da
masculinidade( psicologicamente falando, entre homens é visto como ato de
coragem e não como covardia) e criminoso ou marginal, em especial, os corruptos são os
caras espertos que levam vantagem em tudo e curtem com a cara da
Justiça, o “lei é coisa de idiota”.
O que me fez lembrar que um rapaz
num programa de auditório
rebateu estas preferências do pai lembrando que as vítimas de roubo
e/ou assassinato também
têm suas famílias,histórias, planos para o futuro que
lhes são roubados junto com a vida.O rapaz era gay e
se assumiu publicamente e disse preferia sê-lo do que ser bandido, assassino e/ou traficante
para que ninguém nunca lhe diga coisas do tipo “ seu filho matou o meu
filho ou minha filha!”, ou que roubou,
etc.Além disso existe pena de morte não
oficializada no Brasil.Meliante pobre morre
cedo.Cedo ou tarde a policia
pega.Não fica preso por muito tempo se for rico,mas passa pelo vexame público que
parece ser a única punição a qual
existe no país para este tipo de pessoa. O pai ficou em
silêncio, pois reafirmação ia pegar mal diante de tantas pessoas cansadas de violência urbana.Além das
palavras do filho serem sabias.
A cultura do gênero masculino é voltada
para a morte e violência,mesmo que as leis e a imprensa digam que é errado.A frouxidão das
leis piora por si só o que já é
ruim.Além disso tudo, o álcool que é um
agravante, é usado como desculpa para as
violências citadas, pois perante a lei é
um atenuante e não um agravante, pois o álcool só libera o que já existe dentro da pessoa: seu próprio
veneno.O público leigo ficou em silêncio
profundo.
A lei não escrita da dupla moral está presente nas vidas duplas é de um jeito ou de outro fazem
vítimas todos os dias.
28/12/07.
01/05/13.
02/04/13.
04/04/13.
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