29.Pedofilia na literatura e na vida real
Da denominada “alta” até a “baixa” literatura alguns autores ,críticos e professores tratam de temas tabu como coisa corriqueira e talvez
seja para eles, mas a maioria das
pessoas não vêem que seja assim.Pedofilia
é um entre os temas tabu sobre sexo que
de tanto a “alta” literatura tratar você
acaba achando que é um tema que
pode ser racionalmente discutido,mas não
é por ser uma explicita relação de
dominador(a) e dominado(a),prazer com o poder sobre a vítima,diferença
de idade e de interesse.Fere algumas sensibilidades das menos as mais sensíveis.Porém
,não falar não quer dizer que não
existe.É no silêncio e na conivência
social intra e extra familiar que tal
crime acontece.
O fato das mídias alardearem sobre o leque de temas sexuais e as propagandas de determinados produtos usarem o corpo feminino padronizado como atrativo para incrementar a mercadoria que deseja vender não quer dizer que deixou de
ser tema tabu.É um tipo de tabu que se fortalece também pelo excesso de exposição.
Ao ler
Memórias de Minhas Putas Tristes de Gabriel Garcia Marquez
,com minha turma de faculdade ,o sentimento das colegas que eram mães de crianças
pequenas foi de revolta total,pois a obra narra a história de um velho que quer ter uma
noite de amor louco com uma
jovenzinha.No decorrer da narrativa não
consuma seu desejo,mas chega perto.Ou seja ,ao ato de pedofilia.
O professor achou divertido as reações de
revolta,pois como homem viu a situação por outra perspectiva,além do
fato de ser ficção e amena.Para as mães foi
revoltante um velho querer sexo com uma menina.Além de despertar a passionalidade delas o assunto travou neste
ponto.Não separaram ficção de
realidade a qual é muito mais terrível do que a história do livro.
O ponto da
questão é que homens e
mulheres vêem o sexo de modos
diferentes por causas várias que nem é preciso citar, ai entramos naquelas discussões estilo “guerra
dos sexos” que não precisam ser repetidas.Na perspectiva do professor a
situação parecia engraçada, embora ele
não tenha dito qual era a graça e
nem poderia,pois dependendo do que dissesse poderia apanhar das mais exultadas.A obra cumpriu a função da obra de arte,despertou emoções e inquietou
,o que quase prejudicou o debate racional do livro.
No caso da
personagem o velho, ele sabia
que cada aniversário que passava estava
cada vez mais perto da morte,por isso o ato sexual com uma menina era um presente que dava a
si mesmo,pois tornou-se um consolo
diante do inevitável, afirmação da vida e do estar vivo lúcido para fazer escolhas.Mas o estar vivo como um “vampiro” que quer “sugar”
a juventude de alguém.Analisando psicologicamente é a busca da ilusão de poder sobre si e sobre
outro ser, “inveja” da juventude,
a relação de prazer e poder sexual,auto-afirmação ,vampirismo, carência,dificuldade emocional ou falta de maturidade emocional para
se relacionar com uma mulher adulta.A menina não tem voz
na história.Ela é o objeto de desejo.
O tema
foi trabalhado por outros autores consagrados, o livro de Marquez foi
inspirado em outro livro A Casa das
Belas Adormecidas de Kawabata .A fixação pelo leque
de temas relacionados a sexo e as
modalidades sexuais por
parte de muitos autores homens e
algumas autoras mulheres é uma constante nas literaturas é faz deles
assuntos corriqueiros e cotidiano que
ferem a moral, a suposta moral e
a falsa moral dependendo de como
o(a) autor(a) conta
a história e o tipo de receptividades que
recebe dos públicos.O que é
socialmente proibido é permitido nas artes como válvula de escape, tentativa de romper tabus,perturbar,etc.Paradoxos sociais e ideológicos.
Histórias reais de
velhos fazendo sexo com meninas e
meninos recheiam as páginas policiais por ser judicial e
moralmente crime e mesmo assim
acontece com mais frequência do que podemos
imaginar,pois é frequente que pais,tios,avôs,
padrastos,namorados, ficantes das
mães das vítimas cometerem o crime .Há mães que protegem seus
filhos e denunciam os companheiros.E muitas outras preferem proteger o criminoso e deixam as
vítimas sofrerem para manter o homem junto,ou finge que não percebe ,ou é abertamente conivente
com os abusos.Etc.
Afinal, a mesma sociedade que diz
condenar a pedofilia é a mesma
que comete ou deixa
acontecer quando é e quando não é com parentes próximos.É a mesma sociedade que diz que
mulher sem homem é ninguém,
e para ser alguém-social , a mulher
deve ser a de fulano ou
sicrano,sem falar das outras questões
de dependência emocional e financeira aceitam a pedofilia
dentro de casa.O preço a pagar
para fingir ser “a família
perfeita” perante a sociedade desde que
ninguém de fora saiba a
verdade e denuncie.Ou alguém
de dentro da
situação como a própria vítima delate
o agressor.Os antigos e famosos “segredos de família” que todo mundo sabe,mas não conta
para fingir socialmente que são “ normais”.O que
encaixa também os medos de
escândalo e o “que os outros vão dizer?”
Profundas
contradições sociais.
A única
diferença de agora com antigamente é que os meios de comunicação
evoluíram e noticiam alguns casos
e que algumas vítimas mesmo que
demorem muito tempo denunciam ou alguém próximo ou por perto denuncie.O que gera
choque e espanto.Porque só “existe” quando
é
descoberto e dito. Paradoxo das
regras sociais.
05/10/12.
20/10/12.
21/10/12.
03/05/14.
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