sábado, 13 de julho de 2013

Crônica Gelada:

                                                                                                
16.Diante da morte de alguém querido...

                                                       Para o tio Adevaldo, apelido Dé

    A morte é a única  certeza da vida.Nosso tempo é finito,mas aprendemos ou fomos adestrados a agir  como se não fosse finito e decisões  sobre a vida pudessem ser procrastinadas ao máximo.Ou deixa pra  amanhã  que significa nunca. É tabu falar em morte, embora de repente podemos não mais estar aqui no dia seguinte por alguma fatalidade ou alguém que  gostamos.Cada dia nascemos um pouco.Cada dia morremos  um pouco,mas pensar  nisso dói, como também pensar em muitas outras coisas.
    Nossa cultura ocidental nega a morte  embora mate o tempo todo  através  da  valorização do(a) eternamente jovem:perguntar a verdadeira idade  cronológica de uma mulher virou falta de educação; se alguém morre mesmo por causas naturais a  culpa não é das causas  naturais é colocada no médico que  cuidou ou que não cuidou, fulano ou beltrano que não fez isso ou aquilo. A culpa é sempre de outra pessoa ou  da situação como se o fim fosse   evitável.
     Depois que  uma  pessoa boa morre é que se dá o devido  valor , o crédito,o carinho o qual deveria ter sido recebido em vida,mas é uma daquelas coisas que sempre deixadas  para depois. Depois que perde é que se dá valor.Depois...
    E depois da morte pensamos  no tempo e  respeito que  poderíamos  ter dado,mas damos  pouco  ou os que não deram  por estarmos  atolados na batalha diária  da  vida, do trabalho,dos grandes e pequenos problemas,etc, tudo superdimencionado pelas urgências , medos e raivas. 
    Preocupações demais com pequenas coisas que virão maiores  do que nós.Aprendemos ou fomos adestrados  a não ver ou ver demais pelo e no foco  errado,esquecemos que certas grandes coisas que não damos o devido valor são pequenas e estão ao alcance das mãos.Só depois  de perder é que se dá o devido  valor .A devida importância .Depois de perdido.
     É nessas horas tristes que pensamos  no  maldito medo do ridículo .Ser  normal, ter sentimentos, não é ser ridículo .Por que  amar é ridículo?Falar  com uma criança  como se fosse uma criança é  ridículo?Ser você  mesmo(a) sem a rígida  postura de adulto(a) é ridículo?
     A censura constante mata um pouco todo dia e não se percebe o quanto o excesso  de rigidez é o  grande ridículo  em sua seriedade doente  ser do não sendo.A morte  da  automutilação dos sentimentos,dos momentos de ternura, de ver a vida como vida.Morresse espiritualmente e não se vê. A alma sangra,mas não se vê.Só quando  a alma ferida por algum motivo derrama sangue.
     Diante  da morte a certeza da  nossa pequenez, o  sentimento de impotência , a dor, o inconformismo ,mesmo sabendo que o  inevitável fim um dia chega. E quando chega é muito  triste apesar de ser  inevitável. Por um momento tudo perde o  sentido.Algo se quebra . Depois  recolher os cacos  e  recomeçar a viver.
                                                                                                 14/05/12.
                                                                                                 01/07/13.
                                                                                                 07/07/13.    

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