16.Diante da morte de alguém
querido...
Para o tio Adevaldo, apelido Dé
A morte é a única certeza da vida.Nosso tempo é finito,mas
aprendemos ou fomos adestrados a agir
como se não fosse finito e decisões
sobre a vida pudessem ser procrastinadas ao máximo.Ou deixa pra amanhã
que significa nunca. É tabu falar em morte, embora de repente podemos
não mais estar aqui no dia seguinte por alguma fatalidade ou alguém que gostamos.Cada dia nascemos um pouco.Cada dia
morremos um pouco,mas pensar nisso dói, como também pensar em muitas outras
coisas.
Nossa cultura ocidental nega a morte embora mate o tempo todo através
da valorização do(a) eternamente
jovem:perguntar a verdadeira idade
cronológica de uma mulher virou falta de educação; se alguém morre mesmo
por causas naturais a culpa não é das
causas naturais é colocada no médico
que cuidou ou que não cuidou, fulano ou
beltrano que não fez isso ou aquilo. A culpa é sempre de outra pessoa ou da situação como se o fim fosse evitável.
Depois que
uma pessoa boa morre é que se dá
o devido valor , o crédito,o carinho o
qual deveria ter sido recebido em vida,mas é uma daquelas coisas que sempre
deixadas para depois. Depois que perde é
que se dá valor.Depois...
E depois da morte pensamos no tempo e
respeito que poderíamos ter dado,mas damos pouco ou os que não deram por estarmos
atolados na batalha diária
da vida, do trabalho,dos grandes
e pequenos problemas,etc, tudo superdimencionado pelas urgências , medos e
raivas.
Preocupações demais com pequenas coisas que
virão maiores do que nós.Aprendemos ou
fomos adestrados a não ver ou ver demais
pelo e no foco errado,esquecemos que
certas grandes coisas que não damos o devido valor são pequenas e estão ao
alcance das mãos.Só depois de perder é
que se dá o devido valor .A devida
importância .Depois de perdido.
É nessas horas tristes que pensamos no maldito medo do ridículo .Ser normal, ter sentimentos, não é ser ridículo
.Por que amar é ridículo?Falar com uma criança como se fosse uma criança é ridículo?Ser você mesmo(a) sem a rígida postura de adulto(a) é ridículo?
A censura constante mata um pouco todo dia
e não se percebe o quanto o excesso de
rigidez é o grande ridículo em sua seriedade doente ser do não sendo.A morte da
automutilação dos sentimentos,dos momentos de ternura, de ver a vida
como vida.Morresse espiritualmente e não se vê. A alma sangra,mas não se vê.Só
quando a alma ferida por algum motivo
derrama sangue.
Diante
da morte a certeza da nossa
pequenez, o sentimento de impotência , a
dor, o inconformismo ,mesmo sabendo que o
inevitável fim um dia chega. E quando chega é muito triste apesar de ser inevitável. Por um momento tudo perde o sentido.Algo se quebra . Depois recolher os cacos e
recomeçar a viver.
14/05/12.
01/07/13.
07/07/13.
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