26.Ulisses de Joyce
O famoso livro, nos meios literários e
acadêmicos ,Ulisses de Joyce é um daqueles livros que só agrada aos
públicos específicos como críticos
literários ,apreciadores do
experimentalismo,professores de literatura,leitores especializados.
Por isso é
que leitores não especializados ficam sem entender ou perguntam se isto é literatura? o texto hermético e cheio de referências mitológicas.Cada livro tem seu público específico , o(a)
produtor(a) literário escreve para seu
público leitor determinado,ou no geral ,ou para si mesmo(a).Existem os best-seller
para o grande público em geral.Para públicos
mais intelectualizados leituras
não lineares,experimentais,herméticas com
códigos cifrados,etc, o que
durante a ditadura militar era
compreensível ,pois escrever
difícil salvava vidas ,os censores na
maioria dos casos eram ignorantes,mas em tempos de relativa paz parece recurso sem sentido ou com o sentido de
“elitizar”.
Li o livro no ano o qual foi eleito o livro do século vinte ,junto com
outros tantos.Havia um clima propício,
pois as mídias especializadas falavam bem dele.É um livro de vários temas, sobre sexo e outras coisas.E um livro que seu eixo de
entendimento está ligado ao texto
clássico A Odisséia de Homero,mas num dialogo com a
contemporaneidade do inicio do
século vinte:as vinte e quatro
horas na vida de um homem comum.
O paralelo no clássico é o homem
extraordinário que volta para casa
depois de muitos anos ausente por causa
da guerra de Tróia,retorna e mata os pretendentes da
esposa e encontra o filho que
procurou por ele.No livro de Joyce a personagem principal é o homem ordinário que é traído pela esposa depois de terem perdido o filho e um rapaz ,Stephen Dedalus, que
busca por um pai o qual perdeu .Bloom é casado com Molly e o rapaz o
qual não é conhecido deles são os três
personagens que dividem o livro em três
partes nos seus respectivos fluxos
de consciência.A força do livro está no modo como é narrado e o intertexto com o clássico grego.Se
fosse escrito linearmente ,como no
filme, seria uma história simples
sobre o cotidiano das três personagens
seus conflitos e problemas.Cada parte da história faz
referência ao clássico sem ser aquela odisséia homérica.É a odisséia emocional
de cada uma das três
personagens.
O rapaz volta para casa e vê a mãe morrer.Ele sente falta
do pai, um pai no sentido de aconchego
emocional, por isso ele é o Telêmaco de Joyce.Durante o dia,o qual passa as
vinte e quatro horas de um humano,ele cruza em diferentes pontos da cidade com Bloom ,o
Ulisses de Joyce, e um colega faz alusão
a homossexualidade em Hamlet de Shakespeare.E vão entrecruzando outras
referências literárias dentro do contexto do livro.A alusão a
homossexualidade funcionar como uma fuga de foco,afinal o machismo(do século vinte)
alega que homens não tem e nem podem demonstrar emoções ou fragilidade emocional coisas humanas só de mulher ou de
gays.
Porém, no caso destas personagens são
emocionalmente e especificamente um pai a procura de um filho e um filho a procura de um pai.E Molly é uma mãe sem filho.No final eles se encontram ,
pois acontece um acidente e Bloom leva o
rapaz para casa e avisa a
esposa que ela fará o café da
manhã, assim ele “mata” os pretendentes
na cabeça dela.Como se a família
desfeita por uma fatalidade,a
morte do filho biológico , se refizesse
através da adoção do rapaz.Assim
eles encontram o que procuravam.
Mesmo atualmente ,depois da suposta libertação sexual dos anos sessenta, parece complicado falar em carência afetiva
masculina por causa do medo da
condição homossexual ,os mitos da
masculinidade e o sexo em geral ainda são tabu,apesar da diminuição dos preconceitos.Não
acabaram ainda! Talvez por isso tudo e mais alguma coisa,o hermetismo se
justifique na atualidade.
Quando a professora de teoria literária
soube que eu e meus colegas
lemos o livro ficou
espantada,porque Ulisses de Joyce
é um entre aqueles livros
que as pessoas elogiam sem ler,que nem mestre e
doutor em literatura lê, só elogia
porque alguém mais pós-graduado elogiou
antes e os outros depois só repetem.
O ler o quê? Pra quê?Com que intenção ou finalidade?Não é discutido.É
tabu.A obra colocada no pedestal não
deve ser questionada por jogo de poder.O
elitismo literário.As que não estão em nenhum pedestal são questionadas a até
algumas são menosprezadas.Por isso, a janela de
cem anos para avaliar o valor de uma obra, depois
que o tempo passou e os valores
mudam o que era considerado lixo vira luxo.Por isso,um professor alertou
que por ser nosso contemporâneo e estar
vivo Paulo Coelho é desprezado pelos
críticos brasileiros,mas no
futuramente poderá ser tão admirado
como Joyce é atualmente,para seus
contemporâneos Joyce era um depravado que ameaçava a moral e os
bons costumes.Um cânone depende muito dos fatores tempo que passa
e visão de mundo entre outros.
27/08/11.
04/10/12.
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22/04/14.
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