domingo, 17 de julho de 2011

Terror urbano

                                        Quem vê cara ,não vê coração.
                                                          Ditado popular  

     Será que pensaram que eu ia assaltar a loja? Devem ter pensado. As vendedoras, ás vezes, agem como se a loja na qual trabalham fosse delas.Mas, por outro lado, uma joalheria é uma profissão de risco nos dias de hoje.
      Assim que entrei  elas desapareceram.Todas as oito.Uma senhora  estava numa das mesinhas de atendimento dos clientes conferindo as peças que foram oferecidas a clientes a qual enrolou e não levou nada ,aproximou-se e perguntou o que desejava.
     _Bom dia! Gostaria de preencher um cupom da promoção da rádio.
     _No caixa._disse e apontou para lá.
     Fui lá e esperei por volta de três minutos, meia hora.Ninguém apareceu.
     Voltei onde estava a senhora e perguntei pela pessoa que deveria estar no caixa.
     Ela levantou e disse para aguardar um momento.Entrou pela porta  onde suas colegas tinham desaparecido.Então um rapaz saiu e foi até o caixa.
     Distraído com o relógio que trazia na mão perguntou se era meu.Disse que não,estava ali para preencher um cupom da promoção da rádio do sorteio de um relógio.Ele puxou o bloco e ofereceu uma caneta.Segurava o relógio como se sua vida dependesse dele.E de certo modo dependia mesmo.
     Subitamente as desaparecidas reapareceram.Agora fingindo não me verem.Acharam que era um assalto.Uma  pessoa de jeans e camiseta assaltando uma joalheria?!? Sem arma e com um circuito  de vigilância interno gravando quem entra ou sai. Era absurdo.Fingi não ouvir.Queria acabar logo e ir embora.Só fui tentar a sorte ,mas de outro modo.
     Os cabides de roupa não paravam de falar.Nem vi o último item do cupom.Deixei em branco.Dei por encerrado e fui embora.
     Quatro guardas na porta. Um deles lançou um olhar de rapina.Passei por eles como se não o tivesse visto.
     O interesse deles voltou-se para dois rapazes que olhavam a vitrine externa da loja. Depois não vi mais nada além das cabeças perdidas no mar de corpos em movimento.A avenida frenética não pará por nada.
                                                                                                15/05/01.

Nenhum comentário:

Postar um comentário