Quem vê cara ,não vê coração.
Ditado popular
Será que pensaram que eu ia assaltar a loja? Devem ter pensado. As vendedoras, ás vezes, agem como se a loja na qual trabalham fosse delas.Mas, por outro lado, uma joalheria é uma profissão de risco nos dias de hoje.
Assim que entrei elas desapareceram.Todas as oito.Uma senhora estava numa das mesinhas de atendimento dos clientes conferindo as peças que foram oferecidas a clientes a qual enrolou e não levou nada ,aproximou-se e perguntou o que desejava.
_Bom dia! Gostaria de preencher um cupom da promoção da rádio.
_No caixa._disse e apontou para lá.
Fui lá e esperei por volta de três minutos, meia hora.Ninguém apareceu.
Voltei onde estava a senhora e perguntei pela pessoa que deveria estar no caixa.
Ela levantou e disse para aguardar um momento.Entrou pela porta onde suas colegas tinham desaparecido.Então um rapaz saiu e foi até o caixa.
Distraído com o relógio que trazia na mão perguntou se era meu.Disse que não,estava ali para preencher um cupom da promoção da rádio do sorteio de um relógio.Ele puxou o bloco e ofereceu uma caneta.Segurava o relógio como se sua vida dependesse dele.E de certo modo dependia mesmo.
Subitamente as desaparecidas reapareceram.Agora fingindo não me verem.Acharam que era um assalto.Uma pessoa de jeans e camiseta assaltando uma joalheria?!? Sem arma e com um circuito de vigilância interno gravando quem entra ou sai. Era absurdo.Fingi não ouvir.Queria acabar logo e ir embora.Só fui tentar a sorte ,mas de outro modo.
Os cabides de roupa não paravam de falar.Nem vi o último item do cupom.Deixei em branco.Dei por encerrado e fui embora.
Quatro guardas na porta. Um deles lançou um olhar de rapina.Passei por eles como se não o tivesse visto.
O interesse deles voltou-se para dois rapazes que olhavam a vitrine externa da loja. Depois não vi mais nada além das cabeças perdidas no mar de corpos em movimento.A avenida frenética não pará por nada.
15/05/01.
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